O Prémio Príncipe das Astúrias das Letras foi entregue este ano ao escritor Philip Roth, um dos mais influentes escritores vivos e um dos nomes mais sonantes da literatura norte-americana da segunda metade do século XX.
O Júri do Prémio Príncipe de Astúrias das Letras 2012 reunido, em Oviedo, decidiu por maioria conceder o Prémio Príncipe de Astúrias das Letras 2012 ao escritor Philip Roth. Na acta, o júri explica que a obra narrativa de Philip Roth "faz parte da grande novelística norte-americana, na tradição de Dos Passos, Scott Fitzgerald, Hemingway, Faulkner, Bellow ou Malamud. Personagens, factos e argumentos compõem uma complexa visão da realidade contemporânea que se debate entre a razão e os sentimentos, como o signo dos tempos e o desassossego do presente. Possui uma qualidade literária que se reflecte numa escrita fluida e incisiva".
De origem judaica, Roth - nascido em Newark em 1933 - é autor de títulos como “O Complexo de Portnoy”, “Pastoral Americana”, “Casei Com um Comunista”, “A Mancha Humana” e “Nemesis”.
Desde que publicou, em 1959, o seu livro “Adeus Colombo” - um livro de relatos sobre a
vida dos judeus nos Estados Unidos-, Roth recebeu todos os prémios mais importantes dentro e fora dos EUA: o National Book Critics Circle Award (1987 e 1992), o Faulkner Award (1993 e 2000) e o National Book Award (1960 e 1995). Em 1997, recebeu o Pulitzer pela obra "Pastoral Americana".
Obteve ainda os prémios Karel Capek (1994) e Franz Kafka (2001), da República Checa. Entre os últimos galardões recebidos destacam-se o Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro (França, 2002), o Prémio Sidewise para histórias alternativas (Reino Unido, 2005) e o Prémio Nabokov (E.U.A., 2006).
Em 2007 foi distinguido com o PEN/Faulkner Award for Fiction, por "Todo-o-mundo" , e o PEN/Bellow Award. Possui a Medalha de Honra do Clube Nacional de Artes (E.U.A., 1991), a Medalha Nacional das Artes (E.U.A., 1998), a Medalha de Ouro da Academia Americana das Artes e das Letras (2001) e a Medalha da National Book Foundation (2002), pela sua contribuição para as letras americanas. Roth foi galardoado, em 2011, com o Man Booker International Prize.
Philip Roth é também o único escritor vivo cuja obra está a ser editada na sua totalidade pela The Library of America. Estudou nas universidades de Bucknell e Chicago, onde obteve a sua pós-graduação em Letras, e trabalhou como professor de Literatura Inglesa. Mais tarde, em Iowa e Princeton, deu cursos de escrita criativa e foi professor de Literatura Comparada na Universidade de Pensilvânia. Em 1992 abandonou o ensino para se dedicar inteiramente à literatura. É considerado como o escritor mais representativo da chamada Escola Judaica do romance norte-americano.
Na sua vasta obra tem explorado temas como a Grande Depressão, a II Guerra Mundial e o Macartismo. Após a publicação do seu livro “O Complexo de Portnoy” (1969) - escrito sob a forma de autobiografia e que relata a vida sexual de Alexander Portnoy através dum monólogo no divã do seu psiquiatra - converteu-se numa referência imprescindível no panorama literário universal, indica o “El País”. Nathan Zuckerman e David Kepesh são dois alter-egos literários de Roth, um autor que é eterno candidato ao Nobel da Literatura e tem na escrita a sua única razão de existir.
"Não sinto nenhuma dependência em relação aos meus leitores. Esse é o trabalho deles. E não leio o que é escrito sobre mim, tento evitar tudo isso. E pode-se evitar cerca de 80 por cento. Depois há sempre um amigo que envia alguma coisa por email, mas não estou interessado nisso. Todos têm opiniões e todos temos de viver com elas. Há sempre artilharia pesada que é lançada sobre ti. Mas os teus amigos sabem quem és, e tua família sabe quem és. Nada mais importa. Mas é claro que não é fácil. Não é para mim e não imagino que seja para alguém. Muitas profissões são um peso, esta é uma delas. É um peso que exige muito compromisso. Esgota-nos, atira-nos abaixo", disse numa entrevista que deu ao Ípsilon em Abril de 2011. [publico.pt]