"acho que Emerson escreveu algures que uma biblioteca é uma espécie de caverna mágica cheia de mortos. e esses mortos podem renascer, podem voltar à vida quando abrimos as suas páginas." [BORGES, Jorge Luis in Este ofício de poeta]
Quarta-feira, 30 de Junho de 2010
Na mesa dos poetas

Tabacaria

(15-1-1928)

 

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

 

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

 

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. 
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, 
E não tivesse mais irmandade com as coisas 
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua 
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada 
De dentro da minha cabeça, 
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. 
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo 
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, 
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

 

Falhei em tudo. 
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. 
A aprendizagem que me deram, 
Desci dela pela janela das traseiras da casa, 
Fui até ao campo com grandes propósitos. 
Mas lá encontrei só ervas e árvores, 
E quando havia gente era igual à outra. 
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

 

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, 
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, 
E ouviu a voz de Deus num poço tapado. 
Crer em mim? Não, nem em nada. 
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente 
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, 
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. 
Escravos cardíacos das estrelas, 
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama; 
Mas acordámos e ele é opaco, 
Levantámo-nos e ele é alheio, 
Saímos de casa e ele é a terra inteira, 
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

 

(Come chocolates, pequena; 
Come chocolates! 
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. 
Come, pequena suja, come! 
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! 
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, 
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

 

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei 
A caligrafia rápida destes versos, 
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, 
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro 
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas, 
E fico em casa sem camisa.

 

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, 
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, 
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, 
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, 
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, 
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -, 
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! 
Meu coração é um balde despejado. 
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco 
A mim mesmo e não encontro nada. 
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. 
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, 
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, 
Vejo os cães que também existem, 
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, 
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

 

Vivi, estudei, amei, e até cri, 
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses 
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); 
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo 
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

 

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz. 
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. 
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, 
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. 
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

 

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo, 
Como um tapete em que um bêbado tropeça 
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

 

Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra, 
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, 
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

 

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?), 
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. 
Semiergo-me enérgico, convencido, humano, 
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

 

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los 
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. 
Sigo o fumo como uma rota própria, 
E gozo, num momento sensitivo e competente, 
A libertação de todas as especulações 
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

 

Depois deito-me para trás na cadeira 
E continuo fumando. 
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

 

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira 
Talvez fosse feliz.) 
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

 

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). 
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica. 
(O dono da Tabacaria chegou à porta.) 
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. 
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo 
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.

 

Álvaro de Campos

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Terça-feira, 29 de Junho de 2010
Nneka - Concrete Jungle

 



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Manuel Córrego vence Prémio Literário Miguel Torga

O escritor Manuel Córrego é o vencedor do Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra, com a obra Perpétuas-roxas e o lá de Shumann: camiliana e outros contos, uma colectânea de duas dezenas de contos.

Manuel Córrego é o pseudónimo literário do advogado Manuel Pereira da Costa, Com duas dezenas de obras publicadas, em teatro e romance, o autor foi distinguido em 1998 com o Prémio Ler Círculo do Leitores, com a obra Campo de Feno com Papoilas. Por quatro vezes conquistou o Grande Prémio de Teatro do Inatel.

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Segunda-feira, 28 de Junho de 2010
Luis Zagallo: 1941 - 2010

 

O actor e encenador Luís Zagallo, que integrou vários elencos no teatro, televisão e cinema, faleceu, aos 69 anos, na Casa do Artista, em Lisboa.

 Participou também em telenovelas como "A Banqueira do Povo" (1993), "Olhos de Água" (2001), "Morangos com Açúcar" (2003) ou "Floribella” (2006). [publico.pt]




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Sexta-feira, 25 de Junho de 2010
"Líbano" no auditório da biblioteca

No âmbito da programação do Cineclube da Feira, dia 27 de Junho, pelas 21h45, será exibido, no auditório da biblioteca municipal de Santa Maria da Feira, o filme "Líbano" de Samuel Maoz.

 

 



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Quinta-feira, 24 de Junho de 2010
"Shirin" e "Duas mulheres"

Estreiam, hoje, os filmes: "Shirin" de Abbas Kiarostami com Juliette Binoche, Taraneh Alidoosti e Niki Karimi; "Duas Mulheres" de João Mário Grilo com Beatriz Batarda, Nicolau Breyner, Virgílio Castelo e Débora Monteiro.

 

"Shirin"

 

 

Sinopse:

Abbas Kiarostami encena "A História de Khosrow e Shirin", um poema persa do século XII sobre os amores de uma princesa arménia pelo rei da Pérsia e sobre o triângulo amoroso que se forma quando Shirin conhece Farhad. Essa encenação é seguida pelo olhar de 114 mulheres sentadas numa sala de espectáculos - 113 actrizes iranianas de quatro gerações e 1 europeia, Juliette Binoche. Tudo o que acontece naquele palco é vedado ao espectador, que apenas vê a beleza daquelas mulheres, os seus rostos e suas emoções: o choro, o riso, o prazer e o sofrimento.
"Shirin" é uma homenagem pessoal e consciente do realizador a todas as mulheres do mundo, mas muito especialmente às mulheres iranianas que sempre foram vistas em segundo plano. [cinecartaz.publico.pt]

 

"Duas Mulheres"

 

Sinopse:

Joana (Beatriz Batarda) e Paulo (Virgílio Castelo) são um casal aparentemente feliz, com estabilidade monetária e sem problemas de maior. Ela é psiquiatra; ele tem um cargo de topo numa multinacional. Num dia que parecia igual a todos os outros, Joana conhece Mónica (Débora Monteiro) que, com a sua beleza e juventude, vem representar tudo o que Joana foi no passado e, mais ainda, o que poderia ter sido caso tivesse tido a coragem necessária. Entre elas nasce uma atracção física incontrolável que ultrapassa os limites e que as conduzirá, inevitavelmente, à tragédia. [cinecartaz.publico.pt]



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Quarta-feira, 23 de Junho de 2010
Na mesa dos poetas

Fernando António Nogueira Pessoa

(Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa,  30 de Novembro de 1935)

 

Aniversário

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, 
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, 
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

 

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

 

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa, 
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa, 
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

 

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, 
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

 

Pára, meu coração!
Não penses!  Deixa o pensar na cabeça! 
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! 
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

 

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

  

Álvaro de Campos

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Terça-feira, 22 de Junho de 2010
Maestrina Joana Carneiro distinguida com prémio nos EUA

A maestrina Joana Carneiro, directora musical da Berkeley Simphony, nos Estados Unidos, recebeu o prémio Helen M. Thompson, pelo seu “talento excepcional”, mostrando-se “muito comovida” com a distinção, por ter sido atribuída “ao fim de tão pouco tempo”.

Em comunicado, a Liga das Orquestras Americanas, que atribuiu esta distinção, refere que o prémio “reconhece o empenho de Joana Carneiro em alargar a comunidade base da Berkeley Simphony e a tradição da orquestra, ao apresentar trabalhos de compositores do nosso tempo”.

Contactada pela Lusa, Joana Carneiro mostrou-se comovida com a distinção e empenhada em continuar o trabalho que tem desenvolvido: “É um prémio que me comove muito porque foi atribuído ao fim de muito pouco tempo à frente de uma orquestra americana e é um grande incentivo para nós continuarmos e continuarmos a sonhar muito alto em Berkeley.”

Questionada sobre se pretende regressar a Portugal, a maestrina portuguesa, de 33 anos, disse que, tendo em conta a actividade a que se dedica, isso é “impossível”, mas disse estar muito ligada à música portuguesa, através da Orquestra da Gulbenkian. “Penso que a minha actividade artística está dividida de uma forma ideal neste momento: tenho a minha orquestra na Califórnia, onde passo entre oito a dez semanas por ano, trabalho com a Orquestra Gulbenkian, onde sou maestrina assistente, e viajo pelo mundo. Neste momento, penso que é o equilíbrio perfeito na minha vida artística”, afirmou.

No comunicado da Liga das Orquestras Americanas, a instituição sublinha que “em apenas uma época, o talento excepcional de Joana Carneiro inspirou os músicos da Berkeley Simphony e aumentou a qualidade do seu desempenho”. A nota destaca ainda o facto de a maestrina portuguesa ter conseguido estabelecer “novas relações organizacionais e ligações mais profundas com o público”. “A resposta do público à liderança de Joana Carneiro pode ser medida pela taxa recorde de inscrições na orquestra na sua primeira temporada”, acrescenta o documento.

A maestrina portuguesa tornou-se diretora musical da Berkeley Simphony no início da temporada de 2009-2010.

O prémio Helen M. Thompson foi criado em 1981 para celebrar a vida e a obra de Helen M. Thompson, que promoveu a orquestra sinfónica nos Estados Unidos. [ipsilon.publico.pt]



publicado por bibliotecadafeira às 23:00
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Segunda-feira, 21 de Junho de 2010
Paulo Oliveira venceu Festival Chopin

O vencedor do Prémio Jovens Pianistas 2010 do festival Chopin, organizado pela Orquestra Metropolitana e o Teatro S. Luiz em Lisboa, foi o vila-condense Paulo Oliveira.

O pianista de 31 anos convenceu o júri presidido por Paulo Pacheco (professor de piano), e constituído por Fausto Neves (pianista e docente) e pela jornalista Manuela Paraíso.
Entre os quatro finalistas, Paulo Oliveira “distinguiu-se, tanto mais que o desafio não era fácil, tratava-se de preparar um recital para piano, exclusivamente com obras de Chopin”, por ocasião dos 200 anos do nascimento do compositor, disse à Lusa fonte da organização.
Segundo o júri, Paulo Oliveira evidenciou “maior maturidade e capacidades interpretativas” e demonstrou “solidez do ponto vista técnico, revelou experiência de palco, compreensão da linguagem de Chopin, além de grande sensibilidade e controlo do teclado e ouvido apurado”, relatou Paulo Pacheco à Lusa.
O pianista, com o apoio da Embaixada de Varsóvia em Lisboa, terá agora a oportunidade de tocar em recital na Polónia, no Festival Chopin em Cores de Outono, em Setembro, além de ter recebido um cheque no valor de 1500 euros.
O japonês Tomohiro Hatta ficou em quarto lugar, Marta Menezes em terceiro lugar, e Raul Peixoto da Costa, o mais jovem intérprete do concurso, em segundo lugar.
Ao Concurso Chopin foram apresentadas catorze candidaturas, tanto nacionais como do estrangeiro. Numa primeira fase, foram escolhidos quatro finalistas que se apresentaram em recital ao longo de quatro dias do Festival Chopin que terminou sábado à noite, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz.
Fonte da Metropolitana afirmou à Lusa que no próximo ano haverá concurso e festival idênticos tendo como tema Niccol• Paganini, quando passam 170 anos da sua morte. [publico.pt]



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José Saramago: 1922 - 2010

José Saramago, na biblioteca municipal de Santa Maria da Feira, no dia 16 de Novembro de 2002.

 

 

O escritor português e Prémio Nobel da Literatura em 1998 José Saramago morreu aos 87 anos em Lanzarote.

Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, na Golegã, a 16 de Novembro de 1922, e apesar da mudança com a família para Lisboa, com apenas dois anos, o local de nascimento seria uma marca constante ao longo da sua vida, como referiria na Academia Sueca em 1998, aos 76 anos, quando da sua distinção com o Nobel da Literatura. A austeridade material da sua infância, contraposta a uma riqueza humana que o marcaria indelevelmente, seria um dos pontos fulcrais do discurso, onde destacou longamente a avó Josefa e o avô Jerónimo, "capaz de pôr o universo em movimento com apenas duas palavras." Na biografia "José Saramago", editada em Janeiro deste ano, o autor João Marques Lopes escreve que "sobre todos [os familiares mais próximos], Saramago deixaria algo escrito."
Estudante no Liceu Gil Vicente, que é obrigado a abandonar por dificuldades económicas, matriculando-se na Escola Industrial Afonso Domingues, termina em 1939 os estudos de Serralharia Mecânica. Como primeiro emprego, trabalha nas oficinas do Hospital Civil de Lisboa. A paixão pela literatura é alimentada de forma autodidacta, nas noites passadas na Biblioteca do Palácio das Galveias. Nos anos seguintes, transitará para os serviços administrativos do Hospital Civil, antes de se ligar profissionalmente à Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria da Cerâmica.
Em 1944, casa com a gravadora e pintora Ilda Reis. A filha única do casal, Violante Saramago Matos, nasceria em 1947, o mesmo em que publica a sua primeira obra, “Terras do Pecado”. O título original, “Viúva”, foi alterado por imposição do editor da Minerva. Saramago desvaloriza o livro, que nunca incluiu na sua bibliografia. Uma das razões apontadas pelo seu autor para a exclusão foi, precisamente, a alteração forçada do título. “Clarabóia”, que seria o sucessor de “Terras do Pecado”, foi recusado pelo seu editor e permanece inédito até hoje.
A partir de 1955, Saramago começa a desenvolver trabalho de tradutor, dedicando-se a nomes como Hegel ou Tolstoi. O regresso à edição dar-se-ia mais de uma década depois. Em 1966, altura em que ocupava o cargo de editor literário na Editorial Estúdio Cor, lança o livro de poesia “Poemas Possíveis”. Então um autor discreto no panorama literário nacional, continuaria a exprimir-se em poema nas obras seguintes, “Provavelmente Alegria” (1970) e “O Ano de 1993” (1975).
Crítico literário na “Seara Nova” a partir de 1968, torna-se no ano seguinte membro do Partido Comunista Português, do qual será, até à morte, um dos mais distintos militantes. A partir do final de década de 1960 desenvolve trabalho intenso na imprensa, principalmente enquanto cronista, no "Diário de Notícias" ou "Diário de Lisboa", n’"A Capital", no "Jornal do Fundão" ou na revista "Arquitectura".
Em 1975, em pleno PREC, torna-se director-adjunto do "Diário de Notícias". Esta função representaria o auge do seu percurso jornalístico e, paradoxalmente, seria fundamental para o seu regresso à literatura e ao romance, o género em que se notabilizaria definitivamente. A sua direcção-adjunta seria marcada pelo polémico saneamento de jornalistas que se opunham à linha ideológica do jornal. Demitido no 25 de Novembro, acusado de aproveitar a sua posição para impor no diário os desejos políticos do PCP, toma uma decisão que transformaria a sua vida. Não mais se empregaria. A partir de então, seria um escritor a tempo inteiro.
“Manual de Pintura e Caligrafia”, três décadas depois de “Terras do Pecado”, foi a primeira obra de José Saramago após se dedicar em exclusivo à escrita. Com os livros seguintes, “Levantado do Chão” (1980), “Memorial do Convento” (1982) e "O Ano da Morte de Ricardo Reis", torna-se escritor respeitado pela crítica e conhecido pelo público. É neles que define o seu estilo enquanto romancista, marcado pelas longas frases, pela ausência de travessões indicativos de discurso e pela utilização inventiva da pontuação. Nos seus livros, personagens fictícias surgem em convívio com personalidades históricas, como no supracitado “Memorial do Convento” ou em “História do Cerco de Lisboa” (1989), e são criados cenários irreais para questionar e problematizar a actualidade, como em “A Jangada de Pedra” – em que a Península Ibérica se separa do continente europeu, errando pelo Atlântico.
Quando, em 1991, lançou para as livrarias o seu Cristo humanizado de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago esperaria certamente a contestação dos sectores católicos da sociedade portuguesa. Não esperaria o aconteceu para além disso. O veto oficial do romance ao Prémio Literário Europeu, pela voz do então Sub-secretário de Estado da Cultura Sousa Lara, do governo liderado por Cavaco Silva, precipitou a sua saída de Portugal. Em 1993, auto-exilou-se na ilha de Lanzarote, nas Canárias, com Pilar del Rio, a jornalista espanhola com quem casara em 1988.
As primeiras obras em Lanzarote seriam “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995), ficção apocalíptica que o realizador Fernando Meirelles adaptaria ao cinema treze anos depois, e “Todos os Nomes” (1997). Um ano depois, seria alvo da maior distinção da sua carreira. A 9 de Outubro de 1998, José Saramago foi anunciado vencedor do Prémio Nobel da Literatura, o primeiro atribuído a um escritor português. Seria o impulso decisivo para a sua ascensão a figura literária global e o premiar de uma obra que se dedicou a explorar e questionar a natureza humana de diversos ângulos e em diversos cenários. Em 2002, em entrevista ao diário britânico Guardian, confessava, "provavelmente sou um ensaísta que, como não sabe escrever ensaios, escreve romances." Não só, para além dos romances e da poesia, deixa obra enquanto dramaturgo, assinando as peças teatrais "Que Farei Com Este Livro" ou "In Nomine Dei".
Saramago, que o influente crítico literário norte-americano Harold Bloom considerava o mais talentoso romancista vivo, manteria nos anos seguintes uma cadência editorial regular. “A Caverna” (2000), “O Homem Duplicado” (2002), “As Intermitências da Morte” (2005) e “A Viagem do Elefante” (2008) foram lançados enquanto o escritor se assumia também enquanto voz interventiva, muitas vezes polémica, no espaço mediático mundial. Converteu-se inclusivamente à blogosfera em 2008, aos 86 anos (blog.josesaramago.org), de onde lançou por exemplo repetidos ataques a Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano que classificou de "vírus". Nada de novo num homem que apreciava a discussão, que erguia alto a voz na defesa das suas ideias. Anos antes do episódio Berlusconi, denunciara aquela que considerava ser a política criminosa do Estado Israelita relativamente à Palestina, acusando Israel de “não ter aprendido nada com o Holocausto”, classificara a globalização como “o novo totalitarismo” e surpreendera os camaradas de partido ao não alinhar no apoio aos dirigentes cubanos que condenaram à morte três responsáveis pelo desvio de um "ferry". Em Portugal, o iberista convicto polemizou ao declarar que Portugal e Espanha estariam destinados a fundir-se num único país.
“Caim” (2009), o seu último romance, acompanhado das declarações feitas aquando do seu lançamento, em que classificou a Bíblia como “um manual de maus costumes”, foi a derradeira polémica (e provocação) de Saramago. [publico.pt]

 

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Sexta-feira, 18 de Junho de 2010
10anos@biblioteca.smf.pt

 

Venha comemorar os 10 anos da biblioteca!

 

18.Junho.2010

 

17h00 Performance Break com Mara Andrade

 

22h00 Quarteto Português de Trompas

 



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Sugestão de leituras

 

Título: Quando eu nasci

Autora: Isabel Minhós Martins 

Ilustradora: Madalena Matoso

Editora: Planeta Tangerina

 

Quando eu nasci nunca tinha visto nada.
Só um escuro, muito escuro na barriga da minha mãe.
Quando eu nasci nunca tinha visto o sol, nem imã flor, nem uma cara,
Eu não conhecia ninguém, nem ninguém me conhecia a mim. [...]
É quando nascemos que começa a grande aventura! Do respirar, do provar, do sentir... Pelas páginas deste livro desfilam algumas das descobertas que nos fizeram (e fazem) espantar.

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Quinta-feira, 17 de Junho de 2010
10anos@biblioteca.smf.pt

Venha comemorar os 10 anos da biblioteca!

 

17.Junho.2010

 

21h45 Fidelidade e Paixão - instalção multimédia de Francisco Providência

 

22h00 Flash mob - Luz

 

23h00 Exdjsid, Enfan77errible e Dj Aranha dão música a dez anos de leitura!

 



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"Plano B...ebé", "Marmaduke" e "Ela é Demais Para Mim"

Estreiam, hoje, os filmes: "Plano B...ebé" de Alan Poul com Jennifer Lopez e Alex O'Loughlin;"Marmaduke" de Tom Dey com Kiefer Sutherland, Owen Wilson (Voz) e Emma Stone (Voz); "Ela é Demais Para Mim" de Jim Field Smith com Jay Baruchel e Alice Eve.

 

"Plano B...ebé"

 

 

Sinopse:

Depois de várias tentativas muito pouco animadoras para constituir família, Zoe (Jennifer Lopez) chega à conclusão que a solução mais adequada é avançar sozinha. Assim, num acto bem delineado e reflectido, dá o passo mais importante da sua vida a "solo", optando por engravidar através de inseminação artificial. Tudo corre na perfeição até que, no exacto dia em que sai da clínica - e ainda enlevada pelo acontecimento -, conhece Stan (Alex O'Loughlin), um homem que parece possuir tudo o que ela procurava (e mais um pouco). Depois de superadas as dificuldades iniciais, será que o casal está preparado para a avalanche hormonal que o espera? [cinecartaz.publico.pt]

 

"Marmaduke"

 

Sinopse:

Marmaduke (voz de Owen Wilson) é um Dogue Alemão de 90 kg a atravessar a difícil fase da adolescência que, para agravar os seus já delicados sentimentos de inadequação, se vê forçado a deixar o Kansas para ir viver, com a sua família humana, para a Califórnia. E será na soalheira Califórnia, onde o aspecto de cada um é o seu cartão de visita, que Marmaduke vai aprender a grande lição da sua vida: que o que nos define não é o que aparentamos mas o que somos verdadeiramente e que, para aqueles que nos amam, as diferenças apenas nos tornam mais especiais.
Realizado por Tom Dey, é baseado na BD criada em 1954 por Brad Anderson e Phil Leeming. [cinecartaz.publico.pt]

 

"Ela é Demais Para Mim"

 

Sinopse:

Kirk (Jay Baruchel) é um rapaz perfeitamente comum até ao dia em que, no aeroporto onde trabalha como segurança, conhece Molly (Alice Eve), uma rapariga de uma beleza e inteligência excepcionais. Kirk, com as suas inseguranças e inibições, e apesar das várias investidas da rapariga, entra num processo de negação, não compreendendo o que uma pessoa como Molly pode ver num tipo simples como ele. Com o passar do tempo, e depois de vários encontros, ambos percebem que estão apaixonados e que estão dispostos a levar a relação para o nível seguinte. Mas, infelizmente, parece que o mundo se uniu contra os dois e ninguém à sua volta parece acreditar no futuro daquela relação pois, segundo parece, ela é demais para ele.
Agora alguém vai ter de trabalhar a sua auto-estima e provar de que material é feito...[cinecartaz.publico.pt]

 



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Quarta-feira, 16 de Junho de 2010
Na mesa dos poetas

[ Fernando António Nogueira Pessoa

(Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa,  30 de Novembro de 1935)]

Sim

 

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.  
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.  
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.

 

Ricardo Reis

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Terça-feira, 15 de Junho de 2010
10 anos da biblioteca municipal

 

Venha comemorar connosco os 10 anos da biblioteca municipal de Santa Maria da Feira.

Para mais informações sobre o programa clique aqui.

 



publicado por bibliotecadafeira às 13:14
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Segunda-feira, 14 de Junho de 2010
Siza Vieira galardoado com Prémio Cristóbal Gabarrón de Artes Plásticas 2010

 

O arquitecto português Álvaro Siza Vieira foi hoje galardoado com o Prémio Internacional de Artes Plásticas 2010 da Fundação Cristóbal Gabarrón, que quis distinguir “o magistério, a relevância internacional e a inspiração poética” da sua obra.

O júri do prémio destaca a defesa que Siza faz de uma arquitectura “transparente e respeitosa com o ambiente onde se enquadra”, elogiando a sua capacidade de desenvolver uma “poética comovedora dos edifícios, a partir do trabalho com espaços e luz”.
Prova disso, destaca, são o edifício da Universidade do País Basco, que estará terminado este ano, ou o Centro Meteorológico da Aldeia Olímpica de Barcelona (1992), o Centro Galego de Arte Contemporânea em Santiago de Compostela (1993), o edifício da Reitoria da Universidade de Alicante (1997) e o da Fundação Serralves (1999).
Ao prémio, que alcança este ano a nona edição, concorreram 31 candidaturas de vários países.
Este é o primeiro dos nove galardões atribuídos anualmente pela fundação que inclui ainda Artes Cénicas, Ciência e Investigação, Desporto, Economia, Letras, Pensamento e Humanidades, Restauração e Conservação e Trajectória Humana.
Em edições anteriores o galardão foi atribuído a nomes como James Rosenquist (2002), Peter Eisenman (2003), Sir Anthony Caro (2004), Richard Serra (2005), Yoko Ono (2006), Markus Lüpertz (2007), Martín Chirino (2008) e Jan Fabre (2009).

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Sexta-feira, 11 de Junho de 2010
Sugestão de leituras

 

Título: Que aguaceiro!

Autora: Raquel Saiz

Ilustradora: Maja Celija

Editora: OQO

O senhor Manuel levantou-se, como todos os dias; lavou a cara, vestiu-se… e ao sair à rua… caiu-lhe uma princesa na cabeça! É que há dias em que as leis da natureza não funcionam: há dias em que o amor cai do céu.

Lirismo, ironia e normalidade absoluta, para marcar com grande sentido de humor a revisão do tema «princesa» dos contos tradicionais (aquela que conhece o príncipe e por ele se apaixona para toda a vida).
A autora aproveita um lugar-comum para nos fazer reflectir acerca dos valores e dos sentimentos humanos, e sublinhar a importância da convivência entre diferentes – que são ao mesmo tempo iguais.

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



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Quarta-feira, 9 de Junho de 2010
Prémio Príncipe das Astúrias de Letras para Amin Maalouf

O escritor libanês Amin Maalouf foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras. O júri do prémio, reunido esta manhã em Oviedo, escolheu um autor que "através da ficção histórica e da reflexão teórica, tem conseguido abordar com lucidez a complexidade da condição humana", elogiando-lhe a "linguagem intensa e sugestiva" que nos transporta "no grande mosaico mediterrâneo de línguas, culturas e religiões para construir um espaço simbólico de encontro e entendimento".

"Frente à desesperança, à resignação ou ao vitimismo, a sua obra traça uma linha própria para a tolerância e a reconciliação, uma ponte fundada nas raízes comuns dos povos e das culturas", remata o júri no comunicado em que anuncia o vencedor do galardão deste ano.
Autêntico eremita, residente em França, homem acostumado a isolar-se durante meses para escrever os seus livros, Maalouf é um católico árabe que nasceu em Beirute em Fevereiro de 1949 e é licenciado em Economia e Sociologia.
A família materna era natural da Turquia, de onde fugiu para o Cairo, tendo finalmente ido parar ao Líbano.
O pai era um conhecido jornalista, bisneto de um pregador presbiteriano, de modo que ele sempre se considerou no cruzamento de múltiplas culturas e civilizações.
Aos seis anos escreveu o primeiro artigo, em árabe, mas aos 16 já todas as suas notas eram em francês, tendo mais tarde explicado que o árabe era a sua língua social e o francês a sua língua íntima, que a dada altura se tornaria a fala quotidiana, quando os conflitos do Médio Oriente o atiraram para Paris.
Aos 27 anos estava como repórter internacional ao serviço do “An Nahar”, principal diário libanês em língua árabe. Foi recebido em Nova Deli pela primeira-ministra indiana Indira Gandhi, deslocou-se ao Vietname e ao Bangladesh, tornou-se um cidadão do mundo.
Os primeiros livros que iniciou nunca chegaram a ser acabados, o que é próprio de um espírito atormentado, até que em 1981 se começou a interessar muito em particular pelas Cruzadas, tendo devorado dezenas e dezenas de obras sobre esse tema tão transcendental no relacionamento da Europa com o mundo muçulmano.
Foi assim que surgiu um clássico da literatura contemporânea, “As Cruzadas vistas pelos árabes”, a que se seguiriam os romances “Leão, o Africano” (1986), “Samarcanda” (1988), “Os jardins de luz” (1991) e “O século primeiro depois de Beatriz” (!992). De 19998 é o ensaio “As identidades assassinas” e do ano passado “Um Mundo sem regras”.
“As Cruzadas vistas pelos árabes” mereceram-lhe o Prémio das Maisons de la Press e, em 1993, “O rochedo de Tanios” deu-lhe o Goncourt, um dos mais prestigiados prémios literários franceses.
Já na presente década escreveu os libretos de quatro óperas: “O amor de longe”, “Adriana Mater”, “A Paixão de Simone” e “Emília”, todas elas da compositora finlandesa Kaija Saariaho.
Em Julho do ano passado, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Maalouf dissertou sobre “o desregramento intelectual, económico, geopolítico e ético do mundo no século XXI”.
Com este prémio, Maalouf junta-se a uma lista de galardoados que conta com Mario Vargas Llosa (1986), Camilo José Cela (1987), Francisco Umbral (1996), Günter Grass (1999), Doris Lessing (2001), Arthur Miller (2002), Fatema Mernissi e Susan Sontag (2003), Paul Auster (2006), Amos Oz (2007), Margaret Atwood (2008) ou Ismaíl Kadaré (2009). [publico.pt]

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



publicado por bibliotecadafeira às 12:20
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Terça-feira, 8 de Junho de 2010
Robert Schumann - 08.Junho.1810

 

 

Passam hoje 200 anos sobre o nascimento do compositor alemão Robert Schumann. Algumas pistas para o descobrir.

Três meses após Chopin, nascia em Zwickau (Saxónia) Robert Schumann. Os dois conhecer-se-iam, manteriam relações amistosas e haveriam de um ao outro dedicar obras (todas para piano solo): a Balada n.º 2, op. 38 por parte de Chopin, a Kreisleriana, op. 16 por parte de Schumann - o qual também deixou um retrato musical do polaco no n.º 12 do seu Carnaval, op. 9.

Se Chopin haveria de simbolizar o romantismo musical em Paris (pelo menos na sua faceta mais intimista), então Schumann foi a figura dominante desse mesmo movimento no espaço alemão. Se bem que com menor projecção pública que Mendelssohn (que, além de compositor, era um maestro profissional e personalidade extremamente popular e cativante), Schumann acabaria por epitomizar o romantismo de uma forma abrangente. Porque nele a vida toda e a obra inteira se constituiram ilustração concreta dos ideais românticos.

Quatro anos após a efeméride dos 150 anos da sua morte (o que talvez explique o relativo comedimento deste ano a nível editorial, num mercado de resto em retracção), o mundo da música clássica volta a lembrar Robert Schumann, esse primus inter pares da geração romântica. A vida e obra do compositor são muito bem resumidas na biografia de Brigitte François-Sappey, traduzida para português (num volume que o junta a...Mendelssohn) por ocasião da Festa da Música de 2004 (edição CCB/jornal Público). [dn.pt]

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



publicado por bibliotecadafeira às 09:27
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Segunda-feira, 7 de Junho de 2010
Prémios MTV Cinema

Kristen Stewart e o seu namorado Robert Pattinson, protagonistas da saga Crepúsculo, foram os principais vencedores da gala dos prémios MTV Cinema, realizada no domingo em Los Angeles. O casal concentrou as atenções ao arrecadar para o segundo título da saga, "Crepúsculo: Lua Nova" (2009), cinco prémios: melhor filme, melhores actor e actriz, melhor super estrela global (uma categoria nova) para Robert Pattinson e ainda o de melhor beijo - trocado no filme e apaixonadamente repetido no palco do Gibson Amphitheatre.

"Crepúsculo é mesmo espantoso. Eu acho!", exclamou Kristen, que com Robert continua a protagonizar a saga - o terceiro capítulo, "Eclipse", já está pronto e o quarto, "Breaking Dawn", encontra-se em rodagem.

Por falar em beijos, outro que deu que ver e falar na gala MTV foi o trocado entre Sandra Bullock e Scarlett Johansson, com a primeira a celebrar assim a atribuição de um prémio carreira. A actriz recém-premiada com um Óscar pelo seu papel em "Um Sonho Possível" aproveitou a ocasião para lembrar que está "viva", que gosta de fazer cinema e que a sua vida e profissão são bem mais importantes do que aquilo que os tablóides vêm escrevendo sobre a separação do seu companheiro Jesse James (certamente um malandro e um fora-da-lei, a atentar no nome). [ipsilon.publico.pt]



publicado por bibliotecadafeira às 23:25
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Sábado, 5 de Junho de 2010
"Humpday" no auditório da bilbioteca

No âmbito da programação do Cineclube da Feira, dia 06 de Junho, pelas 21h45, será exibido, no auditório da biblioteca municipal de Santa Maria da Feira, o filme "Humpday" de Lynn Shelton.

 



publicado por bibliotecadafeira às 11:38
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Sexta-feira, 4 de Junho de 2010
Sugestão de leituras

 

 

Título: o pequeno livro dos medos

Autor e ilustrador: Sérgio Godinho

Editora: Assírio & Alvim

O Pequeno Livro dos Medos é escrito e ilustrado por Sérgio Godinho. Fala-nos dos medos da infância, "alguns mais fortes que nós", de como ultrapassamos outros (" ... o cavalo chegou-se à minha mão aberta, que tremia com a maçã em cima. Era a única coisa que lhe podia dar. Foi a única coisa que ele levou. Adeus cavalo, adeus medo dos cavalos."). Até à história que o avô Francisco Magalhães, tipógrafo de profissão, escreveu para o seu filho João de cada vez que ele tivesse medo. Porque o medo também faz parte de nós (quem não tem medo?) mas quando começa a ser exagerado, "a abusar", é preciso controlá-lo, nem que para tal seja preciso "saltar, correr, espernear, lutar, falar, responder, perguntar, ou, muito simplesmente, pensar."

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



publicado por bibliotecadafeira às 11:18
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João Aguiar: 1943 - 2010

 

O escritor João Aguiar, de 66 anos, morreu em Lisboa, vítima de cancro, disse à Lusa fonte próxima da família.

João Casimiro Namorado de Aguiar escreveu mais de duas dezenas de romances e criou duas séries de televisão destinadas ao público mais jovem - “Sebastião e os Mundos Secretos” e o “Bando dos Quatro”, no qual ele próprio figura na personagem do Tio João.
João Aguiar foi um dos cultores em Portugal do chamado romance histórico, com “A Voz dos Deuses”, publicado em 1984.
João Casimiro Namorado de Aguiar nasceu a 28 de Outubro de 1943 e viveu a infância entre Lisboa - a sua cidade-natal - e a Beira, em Moçambique. A mãe ensinou-o a ler para mantê-lo sossegado na cama, durante um longo período de doença, e de leitor interessado passou rapidamente a aspirante a escritor.
Aos oito anos, tentou ditar um livro de aventuras à irmã Maria João mas o sentido crítico dela arrasou-lhe as pretensões. Insistiu com novas obras que foi deitando para o lixo e teve mesmo um “primeiro” livro que só não viu a luz do dia porque a editora faliu antes. Só depois dos 40 anos publicou o primeiro romance, na Perspetivas & Realidades de João Soares: “A Voz dos Deuses”, uma ficção histórica centrada na figura de Viriato.
Seguiram-se duas dezenas de romances que o levaram a estudar a história mais remota de Portugal - regressou aos primórdios para falar de Sertório e publicou até um trabalho não ficcionado sobre o menino do Lapedo. Viajou para Macau com a ficção para escrever “Os Comedores de Pérolas” e “O Dragão de Fumo”.
Pelo meio, João Aguiar criou duas séries destinadas ao público mais jovem - “Sebastião e os Mundos Secretos” e o “Bando dos Quatro” e fez também o libreto para a ópera “A Orquídea Branca” de Jorge Salgueiro, estreada em 2008.
A doença que veio a provocar-lhe a morte impediu-o de concluir o livro que preparava sobre a revolução de 1383.
João Aguiar frequentou em Lisboa os cursos superiores de Direito e Filosofia mas foi em Bruxelas que se licenciou em Jornalismo, profissão que entretanto tinha começado a exercer. Na Bélgica, fez um pouco de tudo, desde lavar escadas a trabalhar no Turismo de Portugal.
De regresso a Portugal, fez o serviço militar e uma comissão em Angola no sector da acção psicológica, produzindo rádio para as tropas.
Considerou-se sempre jornalista, mesmo passados largos anos desde que abandonara a actividade profissional. Começou pela RTP - onde também coordenou uma série da Rua Sésamo - e passou depois por jornais como "Diário de Notícias", "A Luta", "O País". Fez rádio no Canadá, onde trabalhou com Henrique Mendes.
Dizia-se um “monárquico não tradicionalista”, justificava-o “por uma questão pragmática”. O último romance que publicou - “O Priorado do Cifrão” - era uma “charge” ao mundo criado por Dan Brown.
Numa autobiografia irónica que escreveu para o "Jornal de Letras" em 2005, João Aguiar concluía: “A minha vida não dava um livro, e ainda bem. Em compensação, o facto de os meus livros darem uma vida -- boa ou má, não importa para o caso - , esse facto devo-o, em grande parte, aos momentos de não-glória que acabo de relatar. E estou-lhes muito grato.”[publico.pt]

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.

 



publicado por bibliotecadafeira às 10:29
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Quarta-feira, 2 de Junho de 2010
Kazuo Ohno: 1906 - 2010

 

Aos 103 anos e pouco tempo depois de ter feito o seu último ensaio de estúdio, já que continuava a dançar mesmo que retirado dos palcos, Kazuo Ohno, o bailarino japonês que se destacou com um dos principais intérpretes do butô, morreu em Yokohama, no Japão.

O bailarino morreu ontem de insuficiência respiratória.
Um dos primeiros bailarinos do butô, Kazuo Ohno nasceu em Hakodate, na ilha de Hokkaido, em 1906. Começou por se destacar como atleta e foi durante a sua passagem pela Universidade Atlética do Japão que assitiu a uma performance da bailarina espanhola modernista Antonia Merce.
Cativado pela dança, Kazuo Ohno viria a tornar-se um dos grandes intérpretes do butô, a dança japonesa que surge após a II Guerra Mundial e a derrota do Império do Japão pelos EUA e pelas tropas aliadas e que recupera antigas tradições nipónicas ao mesmo tempo que as funde com influências várias da vanguarda artística do século XX.
Foi professor de dança de liceu e testemunhou a violência da Guerra Mundial quando foi recrutado pelo Exército Japonês, recorda o "New York Times". Foi prisioneiro de guerra e sobreviveu ao ataque a Hiroshima, algo que até hoje é associado à força da sua interpretação no butô. O seu primeiro recital foi em 1949, em Tóquio. Tinha 43 anos. E na audiência estava o pai fundador do butô, o autor Tatsumi Hijikata. Trabalharam juntos até meados dos anos 1960.
Influenciado pelo expressionismo alemão, pelo feminismo e modernismo, Kazuo Ohno continuou a dançar após os seus cem anos. Fundou o estúdio Kazuo Ohno, que agora será dirigido por Yoshito Ohno. [publico.pt]



publicado por bibliotecadafeira às 23:21
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Terça-feira, 1 de Junho de 2010
Ferreira Gullar vence Prémio Camões 2010

O poeta e dramaturgo brasileiro Ferreira Gullar, nascido em 1930, venceu o Prémio Camões 2010, anunciou a ministra da Cultura Gabriela Canavilhas em Lisboa acompanhada pelos membros do júri.

 

O júri, presidido por Helena Buescu, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é composto por José Carlos Seabra Pereira, professor associado da Universidade de Coimbra, Inocência Mata, professora santomense de Literaturas Africanas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e professora convidada em várias universidades brasileiras e norte-americanas, Luís Carlos Patraquim, escritor e jornalista moçambicano, António Carlos Secchin, escritor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ainda a escritora brasileira Edla van Steen.  

No ano passado, foi galardoado o escritor cabo-verdiano Arménio Vieira, e nos anos anteriores o brasileiro João Ubaldo Ribeiro (2008) e o português António Lobo Antunes (2007). [diariodigital.pt]

 



publicado por bibliotecadafeira às 10:53
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