O 15º Festival de Cinema Luso-Brasileiro decorre na Feira de 4 a 11 de Dezembro e, com um arranque dedicado a Tom Jobim, aposta este ano "num contraponto entre autores consagrados e novos valores" de ambas as cinematografias.
Segundo fonte da organização, o certame pretende assim apresentar "propostas da mais pura ousadia em contacto direto com a segurança narrativa dos mestres", numa "mistura feliz que procura a abrangência de públicos".
A abertura do festival estará a cargo do filme "A Música segundo Tom Jobim", do realizador Nelson Pereira dos Santos, que, ligado ao movimento do Cinema Novo Brasileiro, assinou títulos como "Rio 40 Graus" e "Vidas Secas".
Para a organização do evento, a obra sobre António Carlos Jobim é "o grande destaque" do certame, por se tratar de um "filme magistral" em que Nelson Pereira dos Santos - convidado de honra no festival - recorre a "uma impressionante galeria de músicos famosos" para retratar "a trajetória do grande compositor brasileiro, autor de uma obra eterna, de alcance internacional".
"Um filme memorável em que a música é o único personagem", realça a mesma fonte. "Não há uma palavra sequer no filme, e nem é preciso", acrescenta.
O encerramento do certame caberá, por sua vez, ao filme "As Canções", do realizador Eduardo Coutinho, que tendo dirigido "Cabra Marcado Para Morrer", é apontado como "o mais influente documentarista brasileiro" e autor da filmografia "mais sólida" desse género cinematográfico no que se refere à produção do seu país.
Entre a exibição de "A Música segundo Tom Jobim" e a apresentação de "As Canções", o Festival de Cinema Luso-Brasileiro de 2011 reparte-se, contudo, por dois eixos estruturantes: a competição e os seus programas paralelos.
No primeiro caso, estarão a concurso seis longas-metragens e 30 curtas, observando a organização do festival que essas obras se distribuem em partes iguais por autores de Portugal e do Brasil.
Nas longas-metragens há, ainda assim, "uma predominância de primeiras obras em confronto com as de Karim Ainouz, o cineasta mais premiado de sempre em Santa Maria da Feira", e nas curtas adivinha-se "uma disputa acesa por filmes de diversos quadrantes e géneros", destacando-se o regresso de Michael Wahrmann, que venceu a edição de 2010 com o filme "Oma".
Quanto à restante programação do festival, destaca-se ainda uma homenagem póstuma a Pedro Hestnes (1962-2011), numa iniciativa envolvendo vários realizadores que trabalharam com esse ator português, e é de referir também a retrospetiva sobre o brasileiro Gustavo Spolidoro, que, no início da sua carreira, "nutria um gosto muito particular pela construção de ficções em plano sequência" e entretanto "migrou para o documentário".
Na secção "Sangue Novo", estará em foco o português Carlos Conceição; na "Docs" é "imperativo" referir o filme de Gonçalo Tocha "É na Terra não é na Lua"; e na "Porto de Honra" exibem-se apenas obras de cineastas da cidade Invicta.[diariodigital.pt]