A escritora americana Lydia Davis é sobretudo conhecida pelos seus pequenos escritos e breves narrativas. Esta quarta-feira à noite numa cerimónia em Londres recebeu o Man Booker International Prize.
Nasceu em 1947 e vive em Nova Iorque, onde além de ser conhecida e influenciar uma nova geração de escritores, traduz Proust e é professora de escrita criativa. A americana Lydia Davis recebeu o quinto Man Booker International Prize que distingue escritores vivos de todo o mundo. A sua obra desafia a classificação genérica e a escritora tem sido descrita como “mestre de uma forma literária" que advém em grande parte "da sua invenção”, lembrou o júri. A cerimónia de entrega do prémio foi quarta-feira à noite no Victoria & Albert Museum de Londres.
O júri também referiu as obras originais e filosóficas de Lydia Davis, embora curtas, exigiam tempo, talento e esforço e elogiou a habilidosa eficácia da sua escrita e a profundidade contida em poucas linhas. “A sua obra tem a precisão e a brevidade da poesia.” As suas histórias são por vezes surpreendentemente curtas não se estendendo por mais de duas ou três páginas, nota. Talvez por isso foi considerada "pouco esforçada", como ela própria conta com humor.
“Recentemente recusaram-me um prémio literário porque disseram que eu era preguiçosa.” Agora já não, anunciaram os membros do júri – Júri Sir Christopher Ricks (que preside), Elif Batuman, Aminatta Forna, Yiyun Li e Tim Parks – que a descrevem como uma inovadora e influente escritora.
Lydia Davis, que vive em Nova Iorque e é professora de escrita criativa na Universidade de Albany, é também conhecida por traduzir da língua francesa importantes clássicos como Madame Bovary de Gustave Flaubert de Du côté de Chez Swann, de Proust.
O prémio tem o valor de 60 mil libras (cerca de 70 mil euros) e é atribuído de dois em dois anos a um escritor no mundo por uma obra original em língua inglesa ou traduzida em inglês. É a quinta vez que ele é atribuído, depois de em 2005 o prémio ter distinguido o escritor albanês Ismail Kadaré, em 2007 o romancista nigeriano Chinua Achebe (entretanto falecido este ano), em 2009, a canadiana Alice Munro e em 2011 o americano Philip Roth em 2011.
Como devem os seus escritos ser classificados?, interroga-se o presidente do júri. Talvez não devam. Foram chamados de histórias mas são igualmente miniaturas, anedotas, ensaios, parábolas, fábulas, textos, aforismos ou ainda orações ou simplesmente observações, salienta Sir Christopher Ricks na declaração sobre a escolha que deixou de fora os outros nove escritores finalistas: Vladimir Sorokin, Marie N'Diaye, Yan Lianke, Marilynne Robinson, Aharon Appelfeld, Peter Stamm, Intizar Husain, Josip Novakovich ou U R Ananthamurthy.
Um romance apenas – The End of the Story (1995) – integra a sua obra essencialmente composta de colecções de contos como Break it Down (1986),Almost no Memory (1997), e outras. Lydia Davis foi editada em Portugal pela Relógio d’Água.
Ao jornal brasileiro Folha de São Paulo, a escritora disse numa entrevista: “Tento ser tão concisa quanto posso ao expressar o que quero. Mas vale lembrar que Proust também acreditava na concisão. Se uma frase dele pode durar várias páginas, isso não significa que ele tenha dito mais do que necessitasse.” [publico.pt]