"acho que Emerson escreveu algures que uma biblioteca é uma espécie de caverna mágica cheia de mortos. e esses mortos podem renascer, podem voltar à vida quando abrimos as suas páginas." [BORGES, Jorge Luis in Este ofício de poeta]
Segunda-feira, 21 de Outubro de 2013
Músico da semana: Arcade Fire

 

Arcade Fire é uma banda de indie rock da cidade de Montreal, Quebec, no Canadá. Fundada em 2003 pelo casal Win Butler e Régine Chassagne, a banda é conhecida por suas apresentações ao vivo, como também pelo uso de um grande número de instrumentos musicais; principalmente guitarra, bateria e baixo; mas também piano, violino, viola, violoncelo, xilofone, teclado, acordeão e harpa.

Arcade Fire ganhou numerosos prémios, incluindo o Grammy 2011 de álbum do ano, o Juno 2011 de álbum do ano e o Brit Award 2011 de melhor álbum internacional, pelo seu terceiro álbum de estúdio, The Suburbs, lançado em 2010, sucesso comercial e de crítica. Os três álbuns de estúdio foram indicados ao Grammy de Melhor Álbum de Música Alternativa. [ler mais]

 

 

Arcade Fire: novo álbum revelado com máscaras em Nova Iorque

 

 

Mais dançantes, mais teatrais, a paixão de sempre. Foi assim na madrugada de sexta a festa-concerto de apresentação do novo duplo álbum dos canadianos, num barracão industrial onde era obrigatório o público levar máscara.

Podiam ter escolhido a melhor e mais espaçosa sala de Nova Iorque para a festa-concerto de lançamento do novo álbum, mas os canadianos Arcade Fire optaram por um barracão industrial em Brooklyn para o fazerem. Não foi um acaso.

Há três anos, quando lançaram The Suburbs, tocaram no esgotado Madison Square Garden, com muita fanfarra à mistura. Agora optaram por não fazer publicidade, adoptando um nome falso – The Reflektors – e acabando por apresentar-se num espaço industrial semiabandonado.

Os poucos bilhetes colocados à venda foram-se num ápice e, ontem, no eBay, havia quem os tentasse revender por 500 dólares. Com três álbuns lançados o grupo de Montreal tornou-se numa das mais celebradas bandas rock da última década e seu novo registo, Reflektor, que sai a 28 de Outubro, é o álbum mais esperado dos últimos meses.

Queriam regressar ao início, voltar a sentir-se entre os seus, tocar num espaço de menores dimensões perante aqueles que os admiraram desde a primeira hora pela intensidade da sua música. E que melhor local para o fazerem senão em Williamsburg, em Brooklyn, o bairro adoptado nos últimos anos por todos os que querem ser artistas ou músicos?

Não foi um concerto vulgar. Longe disso. O público, cerca de 2000 pessoas, tinha que ir obrigatoriamente mascarado ou então apresentar-se numa versão mais refinada de si próprio. Vimos por lá Batman, Marilyn Monroe e até Obama.

Mais uma vez as máscaras não foram um acaso. O grupo tem surgido com elas nas últimas semanas. Aliás cada um dos membros do grupo tem uma réplica em forma de gigantone, que também se passearam pela festa. E em toda a operação do novo disco os binómios falso-verdadeiro ou teatralidade-autenticidade desempenham um papel muito relevante. Aliás a festa começou por aí. Com um jogo de enganos.

Mal as portas do barracão abriram, o público colocou-se rapidamente em frente ao palco. Depois surgiu o ex-LCD Soundsystem, James Murphy, e um dos produtores do novo álbum, no papel de anfitrião, a apresentar os The Reflektors. 

Surgiram então gigantones em palco – supostamente os próprios Arcade Fire –  a tocarem de forma deficiente, mas com o público em delírio. Minutos depois, para espanto geral, as cortinas de uma das laterais da sala abriram-se e surgiram os verdadeiros Arcade Fire inundados por um festival de som e luz. Foi a loucura, com o público a colocar-se rapidamente, em grande alvoroço, junto ao novo palco.

Com o decorrer do concerto o calor tornou-se insuportável e muita gente se queixava de que era difícil ver o palco em condições. Mas essa tinha sido a aposta do grupo: apresentar o álbum num local improvável, sem grandes sofisticações, como se fosse realmente a primeira vez. E foram quase uns novos Arcade Fire que realmente se fizeram sentir e ouvir.

Dez músicos em palcos, entre eles dois percussionistas e Owen Palett (Final Fantasy) nos teclados, que tocaram essencialmente ao longo de oitenta minutos as canções do novo duplo álbum – as excepções de anteriores discos foram Sprawl II (mountains beyond mountains) e Neighborhood #3 (power out). O novo material segue uma linha mais dançante, há mais balanço rítmico, mais temperaturas e variações, sem que se perca a intensidade, com influências mais diversas – do dub ao funk, do ‘disco’ ao pós-punk. Ou seja, os Arcade Fire do novo álbum estão mais próximos de outras bandas que exploraram o cruzamento de rock com linguagens de pendor rítmico, como os Clash, Talking Heads, New Order ou LCD Soundsystem, do que de Springsteen.

A atitude em palco também é diferente. A emoção autêntica dos primeiros anos não foi abandonada, mas existe mais autoconsciência. Há mais complexidade, jogos de sombra, duplicidades: “Todos nós temos alguma coisa para esconder”, diz às tantas o cantor Win Butler, enquanto na canção seguinte lança: “sabem, não tenho nada a esconder.”

De alguma forma são os próprios Arcade Fire a reflectirem sobre a sua condição: aquela que era a banda que há anos mais sentimento de pertença gerava entre a comunidade alternativa do rock, cresceu desmesuradamente. Tornou-se transversal. Mas esse facto não significa que deixem de ousar, de se reinventar e de manterem a paixão de sempre.
As máscaras (algumas máscaras), se devidamente utilizadas, para além de divertido, como aconteceu durante a noite, podem ser também reveladoras, parecem querer dizer eles.

Das canções novas destaque para Here comes the night time, que começa e acaba em desvario rítmico, com subidas e descidas de temperatura constantes, ou para a toada rock & roll de Normal person. Começaram com o single Reflektor e acabaram com Win Butler a lançar-se para os braços do público, passando pelo meio deste, até alcançar um computador. Aí chegado, para surpresa geral, fez soar música dançante, qual DJ experimentado, enquanto os músicos abandonavam o palco no extremo oposto da sala.

O público queria mais concerto. Mas o que houve a partir dali foi festa dançante, com alguns dos Arcade Fire no meio do público, como se nos quisessem dizer: sim, crescemos imenso, mas no fim de contas somos apenas como vocês. [publico.pt]

 

Títulos disponíveis na biblioteca municipal.



publicado por bibliotecadafeira às 18:24
link do post | comentar | favorito

a biblioteca na Internet
homepage
catálogo
catálogo rcbe
facebook
contactos
mais sobre mim
pesquisar
 
Fevereiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28


posts recentes

Caros (as) leitores (as),

Autor da semana: Miguel M...

Estreias - cinema

Na mesa dos poetas

Sugestão de leituras

Músico da semana: Eric Cl...

Autor da semana: Flávio C...

Estreias - cinema

Na mesa dos poetas

Sugestão de leituras

Autor da semana: Afonso C...

Estreias - cinema

Juan Gelman: 1930 - 2014

Sugestão de leituras

Músico da semana: Bruce S...

Autor da semana: Gastão C...

Estreias - cinema

Na mesa dos poetas

Sugestão de leituras

Músico da semana: Juana M...

Autor da semana: Mário Za...

Estreias - cinema

Músico da semana: Anna Ca...

Autor da semana: José Ben...

Aviso

Músico da semana: Gisela ...

Autor da semana: Maria Ve...

Estreias - cinema

Na mesa dos poetas

Sugestão de leituras

tags

todas as tags

arquivos

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

links
subscrever feeds