"acho que Emerson escreveu algures que uma biblioteca é uma espécie de caverna mágica cheia de mortos. e esses mortos podem renascer, podem voltar à vida quando abrimos as suas páginas."
[BORGES, Jorge Luis in Este ofício de poeta]
S/ título (da série Dromos) acrílico sobre tela 200x300cm, 2008-9
André Silva, o jovem artista residente em Santa Maria da Feira é um dos 6 artistas escolhidos para a Exposição no Chiado8 que será comissariada pelo curador da Culturgest, Miguel Wandschneider. A exposição inaugura amanhã, pelas 19h e estará patente até ao dia 8 de Maio.
A série de pinturas que André Silva apresenta intitulada Dromos constitui uma metáfora entre a dromomania (compulsão para caminhar) e os efeitos de aceleração e velocidade nas sociedades contemporâneas. Desta forma, o artista desenvolve o conceito de psicocartografias. A pintura é construída por várias camadas de cores transparentes e opacas, as quais são submetidas a um tratamento gráfico. O vocabulário utilizado revela diferentes formas de abstracção e combina campos de cor que se estendem assimetricamente com linhas dinâmicas no espaço pictórico. Neste aparente caos, o olhar oscila entre o todo e o pormenor, traça lugares reais e imaginários, edifícios e disposições urbanas, é um trabalho sobre a fantasia do escape porque retrata gestos de uma sociedade sempre em constante deslocação.
Deste modo a referência de discussão do trabalho, pode ser Paul Virilio, com os seus conceitos de velocidade, globalização e uma espécie de “desconstrução do mundo”. Um mundo percebido com a velocidade, procurando um código para representar os territórios, traduzindo a sensação através de um sistema de sinais e de cores, realizando uma reconstrução dos territórios para em seguida os desconstruir. Reflecte um relacionamento apressado, composto de cruzamentos, dos desengates de um itinerário que nunca se transforma em viagem, e de percepções que nunca são transformadas em relacionamentos com lugares, que nunca constituem um “lugar”.
Alexandra de Pinho
Colecção Madeira Coporate Services
"Temos o desenho-mapa, o desenho de projecto, o desenho de desejo, o desenho do desenho, o desenho de telefone. É um meio múltiplo, multifacetado, extenso e espero que esta apresentação mostre a variedade de possibilidades que ele contém, enquanto meio, formato e prática." (1)
Adriano Pedrosa (co-curador da 27ªBienal de São Paulo) apresenta um interessante diálogo entre obras de artistas emergentes e de referência internacional, para visitar até 29 de Março no Museu da Cidade em Lisboa. Por entre traços, manchas e uma variedade de grafismos vinculados ao desenho, este projecto amplia a actuação ao seu próprio conceito, promovendo o relacionamento com outros meios de expressão.
Assim, o comissário reúne desenhos desde Julião Sarmento, José Pedro Croft, Rui Toscano, Pedro Barateiro até aos mais jovens como André Silva, de Santa Maria da Feira, entre outros de várias nacionalidades, com um propósito real de confrontar as derivações presentes na arte contemporânea.
(1)Carla Zaccagnini, publicado no catálogo da colecção
Alexandra de Pinho