A edição 2012 do prémio BES Revelação, entregue anualmente pelo Banco Espírito Santo e pela Fundação de Serralves, premiou quatro projectos de cinco jovens artistas, três individuais e uma dupla. Diana Carvalho, Joana Escoval, Tiago Casanova e Mariana Caló & Francisco Queimadela são assim os vencedores deste ano.
Segundo o comunicado da organização, esta segunda-feira divulgado, o júri, constituído por Alessandro Rabottini, curador do GAMeC (Bergamo), Carolina Rito, curadora independente (Londres), Elena Filipovic, curadora no Wiels (Bruxelas), Filipa Loureiro, curadora do Museu de Serralves (Porto) e Lorenzo Benedetti, Director do Kabinetten van De Vleeshal (Holanda), decidiu por unanimidade distinguir estes quatro trabalhos.
Cada vencedor receberá uma bolsa de produção no valor de 7500 euros, que lhe permitirá produzir os projectos, que serão depois apresentados, em Novembro, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, numa exposição comissariada por Carolina Rito e com o mecenato exclusivo do Banco Espírito Santo.
Diana Carvalho (Lisboa, 1986) apresentou a concurso um projecto a materializar em fotografia analógica ampliada a partir de processos digitais (jacto de tinta sobre papel ou projecção slide). As imagens correspondem a planos, muito semelhantes, de uma piscina que pertence ao Clube Aquático Bosque da Saúde, em São Paulo (Brasil) e que a artista captou desde a varanda da sua casa em Novembro de 2011.
Já Joana Escoval (Lisboa, 1982) pretende desenvolver um projecto que parte da observação do Aquário Vasco da Gama, mais especificamente de dois cavalos-marinhos aí residentes. Segundo a artista, “propõe-se a reflexão sobre um conjunto de situações que ocorrem dentro daquele pequeno espaço subaquático, numa perspectiva essencialmente espacial e pictórica para a construção de composições vídeo – seguindo os ritmos de cor/luz, movimento e textura vividos naquele cenário.
O terceiro projecto distinguido, de Tiago Casanova (Funchal, 1988) apresenta um projecto, traduzido em fotografia analógica e em filme, que “pretende questionar o significado de memória através do cariz documental da fotografia, explorando conceitos como perdidos e achados, recuperação, restauração, conservação e destruição de arquivos pessoais e de memórias.”
Por fim, a dupla formada por Mariana Caló (Viana do Castelo, 1984) e Francisco Queimadela (Coimbra, 1985) apresentou a concurso o projecto de uma instalação vídeo intitulada “Observatório do Desconhecido”. Em três ecrãs veremos desfilar, nas palavras dos artistas, “imagética relacionada com a noção de descoberta e revelação do desconhecido, desenvolvida no panorama cultural português ao longo dos tempos.
Esta é a oitava edição do BES Revelação, que se destina a todos os artistas até aos 30 anos.[publico.pt]
O espanhol Rafael Moneo recebeu nesta quarta-feira o prémio Príncipe das Astúrias para as Artes. Mesmo a calhar para o autor da catedral de Los Angeles e da ampliação do Museu do Prado, em Madrid, que faz 75 anos no mesmo dia.
Moneo foi escolhido entre 39 candidaturas nas mais diversas áreas da arte, apresentadas por 25 países. Portugal concorreu com a pintora Paula Rego. Outro pintor, Jasper Jones, o designer Philippe Starck, a cantora mexicana Chavela Vargas, o Teatro Bolshoi e Frank Gehry, o arquitecto norte-americano que desenhou o Museu Guggenheim de Bilbau, também eram candidatos.
De acordo com a acta do júri, presidido pelo espanhol José Lladó y Fernández-Urrutia, Moneo foi escolhido por ser um arquitecto "dimensão universal, cuja obra enriquece os espaços urbanos com uma arquitectura serena e esmerada". "Mestre reconhecido no âmbito académico e profissional, Moneo deixa uma marca própria em cada uma das suas criações e, ao mesmo tempo, combina estética com funcionalidade, especialmente nos espaços interiores diáfanos que servem de enquadramento impecável para as grandes obras da cultura e do espírito", lê-se na acta.
Moneo, que também projectou o Museu Romano de Mérida e o famoso Kursaal – o auditório e centro de congressos em forma de cubo à beira-mar, em San Sebastián –, recebeu já alguns dos mais importantes prémios de arquitectura do mundo, incluindo o Pritzker, em 1996 (é o único espanhol a tê-lo), o Mies van der Rohe, de 2001, e o RIBA (Royal Institute of British Architects), em 2003.
Criado em 1981, o prémio que distingue os que contribuíram “de forma relevante para o património cultural da humanidade” volta assim a escolher um arquitecto, depois de Francisco Javier Sáenz de Oiza, Óscar Niemeyer, Santiago Calatrava e Norman Foster. Na edição do ano passado o prémio foi para o maestro Riccardo Muti.
Este é o primeiro dos oito Prémios Príncipe de Astúrias a serem concedidos este ano. Nas próximas semanas serão atribuídos os prémios de Ciências Sociais, Comunicação e Humanidades, Investigação Científica e Técnica, Letras e Cooperação Internacional. Os galardões do Desporto e da Concórdia só são conhecidos em Setembro.
Os prémios, no valor de 50 mil euros, serão entregues no Outono numa cerimónia presidida pelo Príncipe das Astúrias. Os laureados têm ainda direito a uma escultura, criada e doada expressamente por Joan Miró para estes galardões, um diploma e uma insígnia. [publico.pt]
Morreu o britânico Richard Hamilton, considerado por muitos como o pai da "pop art", anunciou o seu galerista Larry Gagosian, responsável da The Gagosian Gallery, sem adiantar as causas da morte. O artista tinha 89 anos.
“O mundo da arte perdeu uma das suas principais figuras”, escreveu em comunicado o galerista, explicando que a influência de Hamilton nos jovens artistas era “imensurável”.
Apesar da sua idade, Richard Hamilton continuava activo e estava agora a preparar uma grande retrospectiva itinerante da sua obra, que passaria por Los Angeles, Filadélfia, Londres e Madrid entre 2013 e 2014.
Richard Hamilton alcançou notoriedade na década de 1950 com a obra “Just What Is It That Makes Today’s Homes So Different, So Appealing?”, uma colagem de um casal nu, fisicamente idealizados, onde ele segura um chupa vermelho que diz pop, numa casa onde a referência a vários produtos é marcante.
Talvez por isso, este trabalho foi destacado por muitos historiadores de arte como o arranque do movimento artístico da pop art. O próprio termo “pop art” é atribuído a Hamilton, quando este escreveu num texto de 1957: “A ‘pop art’ é popular, transitória, dispensável, low cost, produzida em massa, jovem, sexy, glamorosa e um grande negócio”. Assim designava o movimento que acabou por ser mais reconhecido através de nomes como Andy Warhol ou Roy Lichtenstein.
Da fotografia à pintura, da colagem à escultura, passando pelas mais modernas tecnologias, Richard Hamilton explorou e experimentou as mais diversas áreas.
“A minha ambição sempre foi ser multi-alusivo. Eu queria ter a vida toda no meu trabalho”, disse ele uma vez, aqui citado pelo “The Telegraph”. Nunca teve medo de provocar e por isso alguns dos seus trabalhos não escondiam as suas posições políticas. Em 2007, durante a intervenção militar britânica na guerra do Iraque, Hamilton imprimiu um retrato de Tony Blair, vestido como cowboy.
Também representou Mick Jagger numa obra e foi responsável pela capa do álbum “White Album”, dos Beatles.
“Nós temos os nossos ícones nacionais e as nossas celebridades pop. Mas nem Francis Bacon nem Lucian Freud ou Damien Hirst moldaram tanto a arte moderna da forma que Hamilton fez quando pôs um chupa com a palavra Pop na mão de um homem musculado”, escreve o crítico de arte do The Guardian, Jonathan Jones, no obituário do artista.
Para Nicholas Serota, director da Tate Gallery, Hamilton foi sempre muito admirado pelos seus pares, “incluindo Andy Warhol e Joseph Beuys. “Ele morreu como terá desejado”, disse à BBC.
O próprio artista, numa entrevista à BBC no ano passado, garantiu estar orgulhoso do seu percurso. “Fiz exactamente o que sempre quis fazer e sempre tive muita sorte a fazer isso.”[publico.pt]
A edição 2011 do prémio BES Revelação, organizado anualmente pelo Banco Espírito Santo e pela Fundação de Serralves distinguiu três projectos de cinco jovens artistas, dois individuais e um colectivo. Ana de Almeida (1987, Praga), Catarina de Oliveira (1984, Lisboa) e o colectivo de artistas constituído por Gonçalo Gonçalves (1988, Lisboa), Luís Giestas (1988, Vila do Conde) e Almeida e Silva (1981, Lisboa) são os vencedores, anunciou esta quarta-feira a organização.
Segundo o comunicado do BES, o júri, constituído por Ana Anacleto (artista e curadora independente, de Lisboa), Marianne Lanavère (directora do Centro Cultural La Galerie, em Paris) e Manuel Segade (curador independente em Paris) decidiu por unanimidade distinguir estes três trabalhos, escolhidos entre cerca de 70 submetidos a concurso, tendo em conta a qualidade intrínseca de cada projecto e a ambição apresentada e adequação à bolsa de produção.
Os trabalhos, os três com conteúdos, materiais e temas diferentes, vão estar expostos no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, a partir de Novembro, ainda numa data a anunciar, numa exposição comissariada por Ana Anacleto. Juntamente com a possibilidade da exposição, cada projecto irá receber uma bolsa de produção no valor de 7.500 euros, que servirá de apoio à realização dos trabalhos a apresentar no Museu de Serralves.
Ana de Almeida, nascida em 1987, em Praga, apresentou um projecto intitulado “Al Wahda”, uma instalação constituída por diapositivos, vídeos e um artigo de imprensa, todos relativos a naufrágios, encalhes e afundamentos de navios. Um dos casos apresentado é um navio que afundou perto do Estoril em 1989 depois de ter sido arrastado por uma tempestade, explica a organização do prémio em comunicado. A artista procura com este trabalho questionar as práticas documentais na arte contemporânea, e a fronteira entre ficção e realidade, propondo uma reflexão sobre uma possível história pessoal e nacional e as possibilidades da sua representação.
Já Catarina de Oliveira, nascida 1984, em Lisboa, apresentou um trabalho, ainda sem título definido, “que consiste num vídeo retroprojetado num acrílico, em que a artista se propõe investigar a criação, nos dias de hoje, de mitologias e sistemas de crença que não sirvam uma agenda de políticas nacionalistas e de territorialização”.
O terceiro projecto distinguido, o colectivo de artistas constituído por Gonçalo Gonçalves (1988, Lisboa), Luís Giestas (1988, Vila do Conde) e Almeida e Silva (1981, Lisboa), apresenta um projecto que consistirá no envio, por parte de um dos membros do grupo, de uma fotografia ou algo “photography media related” para os outros dois.
“Após a sua recepção, cada membro do grupo criará um novo trabalho, em resposta aos recebidos e envia-os para os outros dois membros, e assim sucessivamente”. O processo começará já a ser posto em prática até um mês antes da inauguração da exposição, período durante o qual darão forma ao trabalho final que será exposto em Serralves.
O prémio BES Revelação destina-se a todos os artistas até aos 30 anos.[publico.pt]
O escultor inglês de origem indiana Anish Kapoor e a actriz britânica Judi Dench foram dois dos laureados dos Prémios Praemium Imperiale, um dos mais altos galardões culturais japoneses, que distingue anualmente cinco personalidades do mundo artístico.
O pintor norte-americano Bill Viola, o arquitecto mexicano Ricardo Legorreta e o músico japonês chefe de orquestra Seiji Ozawa receberam igualmente a prestigiosa distinção, atribuída às várias disciplinas artísticas. Os vencedores foram anunciados no final do dia de segunda-feira simultaneamente em Londres, Paris, Roma, Nova Iorque e Tóquio.
O prémio, no valor de 15 milhões de ienes (aproximadamente 130 mil euros), distingue as personalidades que se tenham destacado "pelo impacto que intencionalmente tiveram nas artes e pelo seu papel enriquecedor na comunidade global". A distinção é uma iniciativa da Japan Art Association, apoiada pela família imperial japonesa. O Prémio Praemium Imperiale destina-se às áreas da pintura, escultura, arquitectura, música e teatro/cinema.
O prémio para os jovens artistas foi dividido pela primeira vez por duas organizações britânicas, a The Royal Court Young Writers Programme e a Southbank Sinfonia, as duas situadas em Londres. A distinção, no valor de 21.500 euros, foi anunciada na segunda-feira numa conferência de imprensa em Londres. Criado em 1997, o prémio dos jovens artistas distingue anualmente uma organização ou instituição que favoreçam a integração dos jovens nas profissões artísticas.
O Reino Unido foi assim o grande vencedor da edição dos prémios deste ano, somando aos dois artistas, Kapoor e Dench, as duas instituições. A rainha de Inglaterra felicitou os vencedores numa recepção que aconteceu depois do anúncio no Buckingham Palace.
O Prémio Praemium Imperiale é entregue deste 1989, sendo já um marco no mundo das artes. A cerimónia de entrega dos prémios está marcada para o dia 19 de Outubro em Tóquio. [publico.pt]
O pintor norte-americano Cy Twombly, um dos mais singulares continuadores do expressionismo abstracto, morreu em Roma, aos 83 anos.
Muito influenciado, tal como outros artistas da sua geração, pelos grandes nomes do expressionismo abstracto, como Jackson Pollock, Arshille Gorky ou Willem de Kooning, Twombly, que vivia em Itália desde os anos 50, foi-se contudo distanciando daquele movimento, tal como fizeram os seus amigos Robert Rauschenbeg e Jasper Johns, criadores da pop art.
Embora acolhesse nas suas obras muitos elementos da cultura popular, Twombly seguiu outros caminhos e é um pintor mais difícil de catalogar. Atraído pela cultura e literatura europeias, desde o classicismo grego e latino até ao modernismo, a sua obra está cheia de alusões literárias e referências mitológicas, de Vírgílio a Mallarmé ou Rilke.
Numa entrevista a Nicholas Serrota, director da Tate Modern – que exibiu uma grande retrospectiva de Twombly em 2008 –, o pintor afirma que “se pudesse escolher, gostaria de ter sido [Nicolas] Poussin”. Esta sua assumida afinidade com o pintor francês do século XVII serviu mesmo de pretexto a uma exposição inaugurada há dias na galeria Dulwich, em Londres, que associa obras de Poussin e Twombly, mostrando os laços que unem dois artistas separados por mais de três séculos. [publico.pt]
O arquiteto Álvaro Siza Vieira recebe hoje a distinção de Comendador das Artes e Letras Francesas, a mais alta condecoração atribuída pelo Governo francês aos que se diferenciam pelas criações artísticas e literárias.
Siza Vieira, vencedor do prémio Pritzker, o "Nobel da arquitetura", em 1992, recebe, às 18:00, na Casa de Chá da Boa Nova, das mãos do embaixador francês em Portugal, Pascal Teixeira da Silva, a mais alta condecoração atribuída aos que se distinguem pelas suas criações artísticas e literárias ou pela contribuição na difusão das artes e letras em França e no mundo.
Esta distinção foi criada por decreto do Governo francês, em 1957, e tem três graus: oficial, cavaleiro e comendador.
Vários portugueses já foram agraciados, mas apenas nove, incluindo Siza Vieira, receberam o grau de comendador das Artes e das Letras: Amália Rodrigues, a "embaixadora" do fado, os escritores António Lobo Antunes e Agustina Bessa-Luís, o embaixador e antigo ministro da Cultura do IX Governo Constitucional, António Coimbra Martins, que dirigiu o Centro Cultural Português de Paris da Fundação Calouste Gulbenkian na década de 1990, o pintor Júlio Pomar, o cineasta Manoel de Oliveira, João Bérnard da Costa, anterior presidente da Cinemateca Portuguesa, e o autor da "Criação do Mundo", o escritor Miguel Torga.[sicnoticias.pt]
O filósofo José Gil ganhou o Prémio AICA/Parque Expo de Crítica de Arte pelo ensaio A arte como Linguagem: A “última lição” (Relógio d’Água, 2010).
Em comunicado, o júri explica a atribuição do prémio pela “demonstração de um raciocínio crítico organizado a partir de conhecimentos muito sólidos que representam uma vida de atenção à arte”.
“A fundura do olhar e a clareza da escrita de José Gil conduzem-nos, com este texto, à compreensão da arte contemporânea segundo novas perspectivas – como o próprio refere, não o impedindo nunca 'de lançar grandes linhas de fuga para o pensamento criador'”, acrescenta ainda a nota.
O galardão foi instituído por uma parceria entre a secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) e a Parque Expo. Com um valor de dez mil euros, foi atribuído pela primeira vez em 2009 e tem como objectivo “reconhecer, anualmente, o mérito, a relevância e o contributo cultural, didáctico e científico de trabalhos publicados em Portugal na área da crítica de arte e/ou de crítica de arquitectura”.
O júri, encabeçado pelo presidente da secção portuguesa da AICA, Manuel Graça Dias, e constituído também pelo crítico de artes visuais João Miguel Fernandes Jorge e pelo crítico de arquitectura José Manuel Fernandes, atribuiu ainda uma menção honrosa ao docente universitário e ensaísta Delfim Sardo, pelo seu trabalho de curador da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2010. [publico.pt]
O artista português, radicado no Brasil, Artur Barrio, venceu o Prémio Velázquez das Artes Plásticas 2011, no valor de 125 mil euros, anunciou esta terça-feira a ministra da Cultura espanhola, Ángeles González-Sinde. O Prémio Velázquez, considerado o Cervantes das Artes Plásticas, é concedido pelo Ministério da Cultura da Espanha desde2002 acandidatos propostos pelas academias de belas artes, museus de arte moderna e contemporânea, associações de críticos de arte e outras instituições de artes plásticas. O júri presidido por Ángeles Albert de León, directora geral das Belas Artes e Bens Culturais, e constituído por Doris Salcedo, Prémio Velázquez do ano passado, Pedro Lapa, director artístico do Museu Berardo, em Lisboa, Sheena Vanessa Wagstaff, curadora da Tate Modern, em Londres, entre outros, destacou no trabalho do português "a construção de uma poética radical, que produz uma relação e um eco com as situações políticas e sociais." "O seu trabalho, desenrolado através de acções, performances, instalações, vídeo, explora o efémero e o transitório, interessando-se pelos efeitos simbólicos e a aparição de uma beleza inesperada", escreveu o júri num comunicado, citado pelo "El País". [publico.pt]
Uma Torre de Babel com 25 metros de altura, construída em espiral com 30 mil livros de todas as línguas, foi erigida numa praça do centro de Buenos Aires por iniciativa da artista argentina Marta Minujin.
"A ideia é unir todas as raças através do livro", explicou a artista sobre a sua obra monumental que será inaugurada, próxima na quarta-feira, e "existirá" na praça San Martin até ao final do mês.
A artista decidiu criar esta Torre de Babel, porque Buenos Aires é a Capital Mundial do Livro 2011, proclamada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
A partir de quinta-feira, os seus sete andares podem ser subidos gratuitamente por grupos de até 100 pessoas e a visita será acompanhada por uma banda sonora criada por Marta Minujin, que dá a ouvir a palavra "livro" em todas as línguas do mundo.
Perto de metade dos livros que serviram de "tijolos" para a construção da torre foi oferecida por 50 embaixadas em Buenos Aires, mas a outra metade vem de doações de milhares de pessoas mobilizadas graças a uma campanha pública para esta "obra de participação maciça", nas palavras da artista.
No último dia de exposição da peça, 28 de Maio, os visitantes podem escolher um livro na língua da sua preferência e levá-lo.[jn.pt]
O pintor Ângelo de Sousa, uma das figuras marcantes da pintura portuguesa do último meio século, morreu ontem na sua casa no Porto, aos 73 anos, vítima de cancro.
Doente e afastado da sua arte desde há já vários meses, desapareceu agora um artista que foi "um dos protagonistas da contemporaneidade artística portuguesa, que se distinguiu sobretudo pelo seu experimentalismo e pela procura incessante de novas linguagens", disse ontem ao PÚBLICO João Fernandes, director do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS).
Ângelo César Cardoso de Sousa nasceu em Maputo (então Lourenço Marques), capital de Moçambique, em 1938. Em 1955 mudou-se para o Porto para frequentar a Escola de Belas-Artes, onde se formou em Pintura. Integrou, na década de 60, nesta cidade, o grupo "Os Quatro Vintes" (com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues). Criou depois uma obra pessoal e única, que se expressou principalmente na pintura, mas que cultivou muitas outras formas e disciplinas artísticas, como o desenho, a escultura, a fotografia, o cinema e o vídeo amador.
Para sintetizar o sentido da obra de Ângelo de Sousa, João Fernandes cita, de memória, o título de um quadro seu: Algumas formas ao alcance de todos. "Ele sabia criar formas e cores, que colocava ao alcance de todos nós, como ninguém o tinha feito até aí. Deixa uma obra pioneira, não só no contexto português, mas também a nível internacional, que um dia será devidamente reconhecida em todo o mundo", acrescenta o director do MACS - em cuja colecção a obra de Ângelo de Sousa está devidamente representada.
Paralelamente à sua carreira de artista, e depois de ter frequentado, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, a State School of Art e a Saint Martin"s School of Art, ambas em Londres, Ângelo de Sousa leccionou na ESBAP, onde se jubilou, no ano 2000, com a categoria de professor catedrático.
Desde o início da década de 60 realizou inúmeras exposições individuais e participou em colectivas em Portugal e muitos outros países.
Entre os vários prémios com que foi distinguido, assinalam-se o da Bienal de Arte de S. Paulo (1975), no Brasil, e o Prémio Fundação Calouste Gulbenkian/Arte (2007), em Lisboa. [publico.pt]
Títulos disponíveis na biblioteca municipal.
Malangatana vendeu os primeiros quadros há 50 anos e com o dinheiro arranjou uma casa e foi buscar a família para Maputo. Meio século depois, morreu um homem do mundo, um amigo de Portugal e um dos moçambicanos mais famosos.
Malangatana Valente Ngwenya nasceu a 06 de junho de 1936 em Matalana, uma povoação do distrito de Marracuene, às portas da então Lourenço Marques, hoje Maputo. Foi pastor, aprendiz de curandeiro (tinha uma tia curandeira) e mainato (empregado doméstico).
A mãe bordava cabaças e afiava os dentes das jovens locais (uma moda da altura), o pai era mineiro na África do Sul. Com a mãe doente e um pai ausente, Malangatana foi viver com o tio paterno e estudou até à terceira classe. Só. Aos 11 anos começou a trabalhar porque já era "adulto" e podia fazer tudo, de cuidador de meninos a apanha-bolas no clube de ténis.
Nos últimos 50 anos foi também muito mais do que pintor. Fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, ator, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência.
Ainda que o seu lado político seja o menos conhecido, Malangatana chegou a estar preso, pela PIDE, acusado de pertencer ao então movimento de libertação FRELIMO, sendo libertado ao fim de 18 meses, por não se provar qualquer vínculo à resistência colonial.
Na verdade Malangatana viveu parte da sua adolescência junto dos colonos portugueses, os mesmos que o iniciaram na pintura, primeiro o artista plástico e biólogo Augusto Cabral (morreu em 2006) e depois o arquiteto Pancho Guedes.
Augusto Cabral era sócio do Clube de Ténis, onde trabalhava um tio do pintor. "Um apanha-bolas nas partidas de ténis era um tal Malangatana Ngwenya (crocodilo), que, no fim de uma tarde de desporto, se acercou de mim para me pedir se, por acaso, eu não teria em casa um par de sapatilhas velhas que lhe desse", contou Augusto Cabral em 1999.
O pintor iria "nascer" nessa noite, quando Malangatana foi a casa de Augusto Cabral e o viu a pintar um painel. "Ensine-me a pintar", pediu. E Augusto Cabral deu-lhe tintas, pincéis e placas de contraplacado. "Agora pinta", disse ao jovem, ao que este perguntou: "pinto o quê?". "O que está dentro da tua cabeça", respondeu Augusto Cabral.
O jovem viria a ter também o apoio de outro português, o arquiteto Pancho Guedes, que lhe disponibilizou um espaço na garagem de sua casa de Maputo e lhe comprava dois quadros por mês, a preços inflacionados. Em poucos meses Malangatana quis fazer uma exposição e foi, para espanto confesso de Augusto Cabral, um enorme sucesso.
Nas pinturas, nessa altura e sempre, Matalana, onde nasceu e cresceu e onde frequentou a escola da missão suíça de até à segunda classe. Menino pastor, agricultor, caçador de ratos com azagaia, viria a estudar só mais um ano. Fica-lhe Matalana no pincel, a opressão colonial, a guerra civil. A paz reflecte-se numa pintura mais otimista e nos últimos anos foi um carácter mais sensual que a caracterizou.
E sempre o quotidiano. "Há sempre um manancial de temas a abordar. São os acontecimentos do mundo, às vezes tristes, outras alegres, e eu não fico indiferente. Seja em Moçambique, ou noutra parte do mundo, a dor humana é a mesma", disse numa entrevista à Lusa, ainda recentemente.
Já homem, com a pintura como profissão, confessou ao jornalista Machado da Graça que sentia grande aproximação com os artistas portugueses desde os anos 70, quando foi pela primeira a Portugal, como bolseiro da Gulbenkian.
Entre 1990 a 1994 foi deputado da FRELIMO e ao longo de décadas ligado a causas sociais e culturais. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquiteto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na "sua" Matalana.
E exposições, muitas, em Moçambique e em Portugal mas também mundo fora, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia... Tem murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia.
Contando com as obras em museus e galerias públicas e em coleções privadas, Malangatana vai continuar presente praticamente em todo o mundo, parte do qual conheceu como membro de júri de bienais, inaugurando exposições, fazendo palestras, até recebendo o doutoramento honoris causa, como aconteceu recentemente em Évora, Portugal.
Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), recebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal levou também a medalha da Ordem do Infante D.Henrique. [dn.pt]
A obra de recuperação e valorização da Igreja do Sacramento, na Baixa de Lisboa, foi distinguida com o Prémio Vilalva 2010, atribuído anualmente pela Fundação Calouste Gulbenkian.
O prémio, no valor de 50 mil euros, será entregue à Irmandade do Santíssimo Sacramento numa cerimónia a 10 de Janeiro na igreja.
O objectivo do prémio é destacar, entre vários projectos a concurso, o que mais se distinga pelo seu contributo para a defesa do património histórico nacional. No caso da Igreja do Sacramento, o júri – constituído pela historiadora de arte Dalila Rodrigues, o engenheiro António Lamas, o arquitecto José Pedro Martins Barata, o olisipógrafo José Sarmento de Matos e o director do Serviço de Belas-Artes da Fundação, Manuel da Costa Cabral – sublinha “a qualidade do trabalho realizado num edifício de grande relevância artística, valorizado pela inclusão na Baixa de Lisboa”.
A intervenção envolveu o restauro dos tectos da nave e do presbitério, dos vãos dos janelões das paredes laterais da nave e das nove telas do presbitério e do baptistério – que são, assim como os tectos da nave, da autoria do pintor setecentista Pedro Alexandrino.
O júri diz esperar que o prémio constitua um incentivo para a conclusão do restauro da igreja, nomeadamente do exterior. [publico.pt]
Francisco Tropa é o representante de Portugal na 54.ª Exposição Internacional de Arte - La Biennale di Venezia.
A indicação do artista que ocupará o Pavilhão de Portugal na próxima Bienal de Veneza foi feita pelo comissário Sérgio Mah, nomeado curador desta representação oficial pelo despacho conjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Ministério da Cultura através da sugestão da Direcção-Geral das Artes, instituição responsável pela organização e produção da participação nacional na bienal internacional de arte. A bienal apresenta uma grande exposição colectiva e dezenas de pavilhões nacionais que reúnem na cidade italiana centenas de artistas do mundo inteiro. A exposição da 54.ª edição da Bienal de Veneza decorrerá de 4 de Junho a 27 de Novembro de 2011, sob o título "Iluminações". [dn.pt]
Muita coisa mudou desde a primeira edição do Prémio Turner, criado em 1984. A arte e os artistas já não são os mesmos e, 26 anos depois, o som chegou e venceu.
Susan Philipsz, 45 anos, foi a primeira artista a trabalhar com som e a fazer parte da shortlist do mais importante prémio de arte britânica. E ganhou 30 mil euros.Apontada como favorita pelos críticos da imprensa britânica, a artista escocesa, nascida em Glasgow, ficou a saber que seria a escolhida numa cerimónia realizada ontem na Tate Britain, em Londres.A artista cria instalações com música e recorrendo à sua própria voz, explorando a forma como o espaço e o som se relacionam e influenciam mutuamente. “Interessa-me perceber como o som define o espaço e nos alerta para ele”, disse Philipsz no vídeo de apresentação do trabalho, disponível no site do Channel 4, que transmitiu a cerimónia em directo. “O som tem efeitos psicológicos e consegue cativar-nos, despertar-nos”, acrescentou.“Lowlands”, o trabalho apresentado na Tate Britain e que lhe valeu o prémio, foi inspirado no original homónimo que desenvolveu em Glasgow, para a edição deste ano do Festival Internacional de Artes Visuais. Susan Philipsz pegou numa música tradicional escocesa – um lamento do século XVI de um marinheiro perdido no mar – e com ela fez uma instalação em três pontes da cidade. Quem sobre elas passava – de carro ou a pé – era convidado a descobrir de onde vinha o som.“Quando estava a trabalhar no projecto descobri que existiam três versões diferentes da mesma música e por isso decidi gravar as três e colocá--las em pontes”, disse a artista, explicando que com isso quis “despertar os sentidos das pessoas” para aquilo que se passa debaixo daquelas estruturas viárias. “É que por cima é tudo muito bonito mas, por baixo, é escuro.”Nos quatro finalistas estavam também o pintor Dexter Dalwood, a escultora Angela de la Cruz e o colectivo The Otolith Group.O Turner Prize é um dos momentos mais aguardados do calendário das artes contemporâneas e anualmente distingue o que de melhor se faz no Reino Unido. O prémio vai para o artista plástico britânico que mais se destacar em exposições ou outro tipo de apresentações durante o ano.O júri desta edição contou com uma portuguesa, a directora do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Isabel Carlos.[publico.pt]
Jorge Molder foi o escolhido pelo júri da 10ª edição do Grande Prémio EDP/Arte. O vencedor foi anunciado esta segunda-feira, numa cerimónia que decorreu no Museu da Electricidade e que contou com a presença da ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas.
Jorge Molder destaca-se na área da fotografia e o seu trabalho pode ser encontrado em quase todas as mais importantes colecções portuguesas, como a da Caixa Geral de Depósitos (Lisboa), a da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (Lisboa), e a do Centro de Arte Moderna José de Azeredo de Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa). O fotógrafo português tem ainda trabalhos em muitas colecções estrangeiras como Art Institute of Chicago, Artothèque de Grenoble (Grenoble), Everson Museum of Art (Syracuse, Nova Iorque), Fonds National d'Art Contemporain (Paris), Maison Européenne de la Photographie (Paris), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), e Museo Estremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo (Badajoz).
Jorge Molder foi ainda director do Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian.
O Grande Prémio EDP/Arte é o mais significativo em Portugal atribuído às artes plásticas, premiando o vencedor com 35 mil euros. Jorge Molder vai ter ainda uma exposição retrospectiva da sua obra, organizada pela Fundação EDP.
O artista não esteve presente na cerimónia por motivos profissionais.
O júri da edição deste ano, presidido por António Mexia (presidente do conselho de administração executivo do grupo EDP e presidente da Fundação EDP), foi constituído por António Franco (director do MEIAC – Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, de Badajoz), António Gomes Pinho (presidente do conselho de fundadores da Fundação de Serralves e professor universitário), Alexandre Melo (sociólogo, crítico de arte e professor univeritário), Jean-François Chougnet (director do Museu Coleccção Berardo e curador), Jorge Silva Melo (encenador, cineasta, director artístico dos Artistas Unidos) e João Pinharanda (consultor para as Artes da Fundação EDP).
Criado em 2000, este prémio é uma iniciativa trienal da Fundação EDP e distingue artistas plásticos portugueses, com carreira historicamente relevante, desenvolvida em Portugal ou no estrangeiro, e cujo trabalho tenha contribuído para afirmar as tendências estéticas contemporâneas.
Lourdes Castro (2000), Mário Cesariny (2002), Álvaro Lapa (2004) e Eduardo Batarda (2007) foram alguns dos artistas já distinguidos por este prémio. [publico.pt]
Títulos disponíveis na biblioteca municipal.
O artista plástico Francisco Tropa vai ser o representante de Portugal na próxima edição da Bienal de Veneza, a decorre entre os dias 4 de Junho e 27 de Novembro de 2011.
Esta participação nacional terá curadoria do comissário Sérgio Mah, director artístico da PHotoEspaña, Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais, de 2008 até 2010.
A notícia foi avançada pela revista L+Arte. A proposta de participação feita pela Direcção-Geral das Artes estará no gabinete da ministra da Cultura para aprovação final.
Francisco Tropa começou a expor individualmente em 1991 na Galeria Monumental, Lisboa. O seu trabalho suscitou, desde cedo, o interesse e o apoio activo de diferentes agentes do contexto artístico, tendo sido seleccionado para o Prémio União Latina na Fundação Gulbenkian e na Culturgest (1996 e 1998). Ganhou o Prémio da 7ª Bienal das Caldas da Rainha (1997), realizou uma exposição individual na Fundação de Serralves (1998), representou Portugal (em conjunto com Lourdes Castro) na Bienal de São Paulo (1998), participou na Bienal de Melbourne, na Austrália (1999), e na Manifesta em Liubliana (2000).
Francisco Tropa tem até dia 27 uma exposição na galeria que o representa, a Quadrado Azul, em Lisboa. [publico.pt]
'Funk & Soul Covers', segundo livro de Joaquim Paulo na Taschen, contém mais de 500 capas de discos de 'funk' e 'soul', além de entrevistas e um 'single' com dois temas raros.
Se durante os anos 60 e 70 a sociedade norte-americana viveu profundas transformações sociais que marcaram intensamente a história, a música negra produzida na época acompanhou bem de perto toda esta revolução. Não é de admirar, por isso, que ainda hoje se considere que os anos 60 e 70 foram a época dourada do funk e da soul. Agora, essa história ganha vida através das capas dos discos de vinil, reunidas no livro Funk & Soul Covers, da autoria de Joaquim Paulo e editado pela editora alemã Taschen.
Este é, aliás, o segundo livro do português na Taschen, depois de ter lançado há dois anos Jazz Covers, graças ao qual recebeu o Prix du livre de Jazz 2008 da Académie de Jazz, em Paris.
Para esta nova obra, o autor quis "vincar muito a ligação à sociedade e às mudanças que esta atravessou nos anos 60 e 70", contou ao DN Joaquim Paulo. Daí que entre as mais de 500 capas de discos presentes nesta obra se encontrem "discos que foram seleccionados que pertencem a algumas correntes artísticas ligadas a movimentos cívicos, desde os Black Panthers ao Malcolm X, aos filmes da Blaxploitation e às bandas sonoras produzidas, ou até alguns discos mais obscuros de editoras importantes, como a Stax", explicou.
Assim, o autor tomou como pontos de partida para a criação deste Funk & Soul Covers "a raridade, a importância histórica, o impacto visual da capa e, claro, o facto de gostar muito do disco", refere nesta obra, que é lançada em português nos países de expressão portuguesa e mundialmente traduzido para francês, inglês, alemão e italiano.
Das mais de 500 capas de discos que podem ver-se neste livro, todas pertencem à colecção pessoal de Joaquim Paulo, que tem cerca de 25 mil exemplares. "Foi um vício que me foi incutido pelo meu primo, que comprava imensos discos e eu desde miúdo só via aquele espírito de comprador compulsivo. Cresci com uma referência destas, ele era também um grande fã de funk e jazz, por isso as primeiras coisas que ouvi em casa passaram muito por este tipo de música", contou.
Segundo o autor, o período da revolução musical vivida nas décadas de 60 e 70 do século XX foi acompanhado pelo grafismo das capas dos discos: "Agora ao falar com algumas pessoas ligadas a editoras de funk e soul da altura, e também com produtores, todos me dizem que havia ali uma comunhão de interesses, a indústria discográfica dava uma liberdade que permitia aos designers gráficos e aos fotógrafos fazer coisas que hoje são impensáveis."
Além das capas de discos que à sua maneira contam a história da época dourada do funk e da soul, neste livro pode ler-se entrevistas com David Ritz, autor norte-americano de biografias de Ray Charles ou Marvin Gaye; Larry Mizell, produtor da editora Blue Note durante os anos 70; e Gabriel Roth, da editora Daptone Records, cujo estúdio serviu para as gravações de Back to Black, de Amy Winehouse. Uma edição limitada desta obra contém um single de sete polegadas com temas raros dos The Barons e J. Hines & The Fellows.
Apesar de actualmente se viver numa era em que a música é consumida digitalmente, Joaquim Paulo não deixa de ter uma "visão romântica": "Espero que o vinil resista, não só porque é um objecto muito bonito mas porque permite ouvir música de forma muito orgânica. Tem um apelo físico que o CD não tem", salientou. [dn.pt]
O arquitecto Álvaro Siza Vieira é o vencedor do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura deste ano, acaba de anunciar a ministra da Cultura.
“Siza Vieira é uma das referências mais marcantes da arquitectura e da cultura contemporâneas”, realçou a ministra Gabriela Canavilhas, lembrando alguns dos galardões já ganhos pelo arquitecto.
No ano passado, o autor de obras como o pavilhão de Portugal na Expo-98, o Museu de Serralves e o projecto de renovação do Chiado, recebeu a medalha de Mérito Cultural do ministério agora tutelado por Canavilhas. O seu longo currículo de prémios inclui, por exemplo, em 1998, a medalha de ouro de Arquitectura do Conselho Superior do Colégio de Arquitectos de Madri e o prémio Prince of Wales da Harvard University, assim como o Prémio Pritzker em 1992, “considerado o maior prémio mundial de arquitectura”.
Siza Vieira recebe esta tarde, na Universidade Técnica de Lisboa, o grau de doutor honoris causa.
Para Gabriela Canavilhas, a escolha por unanimidade dos seis membros do júri do nome de Siza Vieira para o prémio Luso-Espanhol “é o reconhecimento público” da contribuição do arquitecto para o panorama artístico e cultural português.
O prémio, que vai já na terceira edição e que inclui um troféu de Fernanda Fragateiro e 75 mil suportados pelos Estados português e espanhol, será entregue na cimeira luso-espanhola que se realizará em Janeiro.
Nas edições anteriores o galardão, que distingue uma personalidade que tenha contribuído significativamente para o reforço dos laços culturais entre os dois países, foi entregue ao poeta e tradutor português José Bento em 2006 e em 2008 ao espanhol Perfecto Cuadrado, professor de Filologia Galega e Portuguesa na Universidade das Ilhas Baleares e tradutor de diversas obras portuguesas para castelhano, incluindo a de Fernando Pessoa.
O júri é este ano constituído, em representação do Estado português, pelo arquitecto Manuel Graça Dias, o escritor João de Melo e a jornalista e escritora Clara Ferreira Alves, e pelo lado espanhol pela arquitecta Fuensanta Nieto, a jornalista Pilar del Río, e o jornalista José Manuel Diego Carcedo. [publico.pt]
Christoph Schlingensief, um dos directores de teatro, ópera e cinema mais polémicos e provocadores da Alemanha, morreu, aos 49 anos, de cancro do pulmão.
Schlingensief, cujo nome fica ainda associado às artes plásticas, deveria ter estreado este mês S.M.A.S.H. – Sufocar em Ajuda, na trienal de Ruhr, mas o rápido declínio do seu estado de saúde levou o próprio artista a cancelar a apresentação.
O alemão, que estava a cerca de dois meses de completar 50 anos, esteve sempre associado à provocação. Na sua produção de “Hamlet”, utilizou actores amadores neo-nazis, chegando a queimar uma imagem do antigo primeiro-ministro israelita Ariel Sharon.
No seu programa de televisão "Auslaender raus!" ("Estrangeiros fora!"), denunciou o crescimento do racismo e populismo, com uma espécie de “Big Brother”, onde candidatos reais a asilo político viviam em contentores, semelhantes às carruagens de comboio que transportavam os judeus para os campos de concentração, recebiam votos de telespectadores para serem escolhidos.
Foi ainda o produtor da ópera "Parsifal", de Richard Wagner, em 2004 no Festival de Bayreuth, que provocou a ira de alguns críticos, chegando o cenário a ser comparado a um campo de refugiados.
Desde Janeiro, o director germânico trabalhava ainda no projecto Casa de Espectáculos África (Festspielhaus Afrika), cuja construção foi iniciada em Ougadougou, capital de Burkina Faso, em Fevereiro deste ano. [publico.pt]
Os Prémios Gulbenkian 2010 serão entregues hoje, dia em que se assinala a morte de Calouste Gulbenkian. A cerimónia realiza-se no anfiteatro ao ar livre da fundação, pelas 18:00 horas.
Os galardões foram atribuídos à cenógrafa Cristina Reis, na área da Arte, e à Companhia Teatral do Algarve e à Academia de Música de Viana do Castelo, na área da Educação. De acordo com a Fundação Calouste Gulbenkian, os prémios tem um valor de 50 mil euros cada. [diariodigital.pt]
As inscrições para a 14ª edição do concurso Jovens Criadores´10 encontram-se abertas, até ao próximo dia 26, destinadas a artistas em início de carreira, até aos 30 anos, de nacionalidade portuguesa ou residentes no país, para as áreas de Artes Digitais, Artes Plásticas, Banda Desenhada, Dança, Design de Equipamento, Design Gráfico, Fotografia, Ilustração, Joalharia, Literatura, Moda, Música, Teatro e Vídeo.
Nesta edição, o concurso reserva ainda uma sub-área de artes plásticas, intitulada «Res Publica», por ocasião das Comemorações do Centenário da República, que este ano se celebra. Os participantes têm aqui a oportunidade de submeter Trabalhos no campo da arte pública, inspirados no tema «A República».
Os interessados deverão consultar o regulamento no site da iniciativa, do Clube Português Artes e Ideias, onde podem encontrar também a ficha de inscrição. Os projectos seleccionados por parte de júris especializados em cada área artística serão apresentados na Mostra Jovens Criadores´10.
Do corpo de artistas seleccionados é escolhida uma delegação que representará Portugal na próxima edição da Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo ou da Mostra de Jovens Criadores da CPLP.
Desde 1996, a Mostra Jovens Criadores já se realizou em Lisboa, Guarda, Aveiro, Braga, Porto, Coimbra, Santa Maria da Feira, Silves, Amarante, Montijo, Odivelas e Évora, tendo sido plataforma de lançamento e confirmação de criadores que têm contribuído para uma renovação do panorama artístico nacional. Pelo certame, já passaram nomes como Alexandra Moura, André Murraças, André Sier, Cristina Filipe, Gonçalo M. Tavares, João Fazenda, João Garcia Miguel, João Pedro Vale, José Luís Peixoto, Rudolfo Quintas, Soraya Vasconcelos ou Tiago Guedes. [diariodigital.pt]
A cenógrafa e figurinista Cristina Reis foi hoje distinguida com o Prémio Gulbenkian de Arte 2010, no valor de 50 mil euros. O júri, composto por João Marques Pinto, José Gil, Raquel Henriques da Silva, Salwa Castelo-Branco e Jorge Silva Melo, destacou a "excepcional capacidade de invenção" de Cristina Reis, que, numa carreira com 35 anos, tem trabalhado sobretudo com o Teatro da Cornucópia.
O prémio foi anunciado juntamente com o Prémio Gulbenkian Educação, de idêntico valor, atribuído ex-aequo à ACTA-Companhia Teatral do Algarve e à Academia de Música de Viana do Castelo. A decisão coube neste caso a um júri composto por Maria Helena da Rocha Pereira, Vítor Aguiar e Silva, Guilherme de Oliveira Martins, Lídia Jorge e João Filipe Queiró, que, explica a Fundação Gulbenkian num comunicado, “decidiu distinguir duas instituições com âmbitos de actuação distintos, uma no domínio do teatro e outra no do ensino musical, com uma marcada acção pedagógica em cada uma das áreas e que têm investido fortemente na formação e sensibilização de públicos.”
A ACTA, criada em 1995, tem desenvolvido projectos artístico-pedagógicos, com temas relacionados com a toxicodependência, a educação sexual e o bullying, enquanto a Academia de Música de Viana do Castelo, que existe desde 1977, tem apostado na criação de públicos infantil, juvenil e sénior.
Os prémios de Arte e Educação são dois dos quatro prémios nacionais que a Fundação atribuiu anualmente – ainda não foram anunciados este ano os vencedores do Prémio Gulbenkian de Ciência e do Beneficência. Segundo o comunicado, será anunciado em breve o Prémio Internacional Calouste Gulbenkian, este ano dedicado a entidades ligadas à defesa do Ambiente.
Todos os prémios serão entregues no dia 20 de Julho às 18h, no Anfiteatro ao ar livre da Fundação numa cerimónia aberta ao público. [publico.pt]
O arquitecto português Álvaro Siza Vieira foi hoje galardoado com o Prémio Internacional de Artes Plásticas 2010 da Fundação Cristóbal Gabarrón, que quis distinguir “o magistério, a relevância internacional e a inspiração poética” da sua obra.
O júri do prémio destaca a defesa que Siza faz de uma arquitectura “transparente e respeitosa com o ambiente onde se enquadra”, elogiando a sua capacidade de desenvolver uma “poética comovedora dos edifícios, a partir do trabalho com espaços e luz”.
Prova disso, destaca, são o edifício da Universidade do País Basco, que estará terminado este ano, ou o Centro Meteorológico da Aldeia Olímpica de Barcelona (1992), o Centro Galego de Arte Contemporânea em Santiago de Compostela (1993), o edifício da Reitoria da Universidade de Alicante (1997) e o da Fundação Serralves (1999).
Ao prémio, que alcança este ano a nona edição, concorreram 31 candidaturas de vários países.
Este é o primeiro dos nove galardões atribuídos anualmente pela fundação que inclui ainda Artes Cénicas, Ciência e Investigação, Desporto, Economia, Letras, Pensamento e Humanidades, Restauração e Conservação e Trajectória Humana.
Em edições anteriores o galardão foi atribuído a nomes como James Rosenquist (2002), Peter Eisenman (2003), Sir Anthony Caro (2004), Richard Serra (2005), Yoko Ono (2006), Markus Lüpertz (2007), Martín Chirino (2008) e Jan Fabre (2009).
Títulos disponíveis na biblioteca municipal.
O escultor norte-americano Richard Serra, considerado um dos mais relevantes da vanguarda ainda activo, foi hoje galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes 2010.
O escultor, descendente de espanhóis, é conhecido pelas suas obras minimalistas e de grande dimensão, usando um processo industrial que recorre a materiais industriais como o cimento e o ferro.
Serra, finalista do prémio em quatro edições, bateu na decisão final do júri o director de orquestra Riccard Muti e o cineasta Carlos Saura.
Este galardão é o primeiro das oito categorias da edição deste ano dos prémios, que cumprem 30 anos. [publico.pt]
Nacho Criado, considerado um dos pioneiros da arte conceptual e das instalações e reconhecido pela sua escultura e arte experimental, morreu, aos 67 anos, em Madrid.
Criado morreu pouco depois de ter recebido o Prémio Nacional das Artes Plásticas de 2009 e de ter recebido das mãos do rei Juan Carlos a Medalha de Ouro das Bellas Artes (2008).
O artista foi reconhecido pelo seu papel na “ampliação dos limites da realização da obra artística, pela composição de um extenso universo poético e pela sua contribuição para um pensamento estético inédito”. [publico.pt]
A aluna portuguesa de design Diana Jung é uma das dez finalistas de um concurso europeu que irá eleger o cartaz alusivo ao Dia da Europa 2010, organizado pela Comissão Europeia.
Dos 1700 projectos internacionais apresentados a concurso foram seleccionados dez finalistas, entre eles a aluna portuguesa da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), de Matosinhos, Diana Jung.
O concurso intitula-se "I Love Europe", decorre até 31 de Janeiro, e a escolha do cartaz será feita pelo próprio público, através do voto online no site: http://www.designeurope2010.eu/index.php?lang=pt.[rtp.pt]
Morreu David Levine, o pintor e ilustrador cujas caricaturas de intelectuais, políticos e atletas, com grandes cabeças e pose implacável, em sombreado feito com finos traços a preto e branco, eram a imagem de marca da "New York Review of Books".
Com 83 anos, Levine vivia em Brooklyn. Morreu devido a cancro da próstata e outras complicações da doença, noticiou o "New York Times".
Não era o macabro, ou a crítica social, nem mesmo o humor absurdo da vida quotidiana ou o que há de neurótico em cada personagem que distinguiam o seu trabalho, sublinha o jornal nova-iorquino. Mas o seu trabalho era profundo e artístico de uma forma literária, “o que leva muitos a sugerir que era herdeiro dos mestres da ilustração do século XIX Honoré Daumier and Thomas Nast”.[publico.pt]
O pintor grego Yannis Moralis, um dos mais célebres do país e que integrou a chamada «Geração de 30» de artistas gregos, morreu, aos 93 anos, em Atenas.
Nascido em 1916, em Arta, no oeste da Grécia, Yannis Moralis fundou, em 1949, com os principais pintores do país, como Nicos Hatzikyriakos-Ghikas, Yannis Tsarouchis, Nicos Engonopoulos, Nicos Nicolau ou Panayotis Tetsis, o grupo Armos que veio a dominar o mundo das artes visuais gregas.
A sua primeira exposição individual data de 1959, em Atenas e, após uma fase figurativa, Yannis Moralis enveredou, nos anos 70, para um «severo sistema geométrico», inspirado nas escolas do construtivismo e Bauhaus.
O pintor envolveu-se também profundamente na cenografia teatral e na ilustração das obras de dois Prémios Nobel da Poesia, ambos gregos, Georges Séferus e Odysseas Elytis.
A bailarina e coreógrafa Vera Mantero foi distinguida com o Prémio Gulbenkian Arte 2009, no valor de 50 mil euros, anunciou hoje a Fundação Calouste Gulbenkian, entidade promotora do galardão.