O polaco Zigmunt Zaradkiewicz venceu o Grande Prémio do 13.º PortoCartoon – World Festival, este ano dedicado à comunicação e tecnologias, anunciou hoje o júri internacional do concurso.
O cartoon vencedor representa uma mansão sem porta nem janelas, mas com diversas câmaras de videovigilância e antena parabólica.
Para Luís Humberto Marcos, diretor do Museu Nacional da Imprensa e membro do júri, este trabalho mostra, “de uma forma absurda, o risco que há na hipervigilância, que é uma marca da atualidade”.
Para o júri, este desenho “ajuda a pensar sobre a relação das tecnologias e do isolamento”, disse Humberto Marcos, para quem o trabalho do polaco “é uma demonstração da incomunicação, é uma denúncia de um risco, de uma paranoia que, de alguma medida, frações da sociedade têm”.
Zigmunt Zaradkiewicz já tinha participado em edições anteriores no PortoCartoon – World festival, tendo arrecadado, em 2009, o 2.º prémio.
Este ano, o 2.º prémio foi atribuído a um trabalho do cartoonista francês Plantu, que trabalha regularmente para o jornal Le Monde.
O seu cartoon demonstra “três poderes: a militarização global, a força do fundamentalismo islâmico e o jornalismo”, descreveu Luís Humberto Marcos.
O desenho apresenta um militar, um islamista e uma jornalista, considerando Luís Humberto Marcos que o facto da jornalista aparecer com o bloco de notas mostra “uma mudança significativa, porque cada vez há mais mulheres a fazer jornalismo”.
Para o responsável por este concurso de cartoon, o desenho demonstra que “a recolha de informação junto das fontes é material precioso para fazer vencer a arma da verdade, sob a admiração dos outros poderes [militar e islâmico]”.
O poder do jornalismo, disse, “é fundamental para efetivamente mostrar aquilo que de insignificante está por trás da luta”.
O 3.º prémio foi pela primeira vez na história do PortoCartoon atribuído a uma escultura, “uma peça do ponto de vista plástico extraordinária”, da autoria do português Fernando Saraiva, cartoonista do jornal Linha do Oeste, da Figueira da Foz.
A peça “Homem digital”, referiu Humberto Marcos, “mostra a importância do dedo na descoberta das novas tecnologias, que aparece como marca de grandes transformações, mas que não anda sozinho e por isso está agregado a umas pernas”.
O júri decidiu ainda atribuir 19 menções honrosas.
O PortoCartoon 2011 contou com a cerca de 2.200 trabalhos a concurso, 355 dos quais selecionados, de 80 países e 630 cartoonistas.
O presidente do júri, Georges Wolinski, destacou o facto de nos últimos anos este concurso contar com “a grande diferença entre desenhos de países democráticos e ditaduras”, considerando que humoristas de países como o Irão e a Turquia “falam, através do desenho, em liberdade e na liberdade das mulheres”. [diariodigital.pt]
O 11º PortoCartoon abre hoje ao público no Museu Nacional da Imprensa e noutros locais da cidade, com um total de 530 caricaturas, a maioria das quais sobre a crise, tema do concurso deste ano.
«Acertámos em cheio na escolha deste tema», disse o presidente do Museu Nacional da Imprensa, organizador do PortoCartoon, Luís Humberto Marcos, destacando a «riqueza muito forte» dos 300 cartoons sobre a crise seleccionados para o salão.
Luís Humberto Marcos realçou a qualidade dos três primeiros premiados no concurso deste ano, especialmente o que obteve o primeiro prémio, da autoria do romeno Mihai Ignat.
O cartoon vencedor representa um empregado de mesa a desenhar na toalha dois pratos e talheres e o cliente do restaurante a desenhar na mesma toalha uma nota de 100.
«Há aqui uma interacção. É uma crise que não pode isolar nenhuma parte da sociedade. Não é uma crise só deste lado ou daquele», sublinhou o director do museu.
O desenho vencedor foi reproduzido por Acácio de Carvalho para uma escultura em ferro que será inaugurada junto ao Castelo do Queijo. [diariodigital.pt]