A coreógrafa Olga Roriz, 56 anos, é a vencedora da edição 2012 do Prémio União Latina. Esta é a primeira vez que o prémio distingue uma personalidade da área da dança.
A notícia foi confirmada pela própria coreógrafa que, em declarações ao PÚBLICO, disse que “o prémio distingue também a dança, numa altura em que as artes parecem excluídas da vida quotidiana”.
Olga Roriz, que prepara neste momento a remontagem, na Companhia Nacional de Bailado e no Ballet Teatro Guaíra (de Curitiba, Brasil), da sua coreografia Sagração da Primavera, estreada em 2011, diz que o prémio “tem um sabor agridoce”: “É prestigiante, e de louvar, mas não nos podemos esquecer do momento estranho que as artes vivem neste momento ”. Por isso, “a surpresa” é tanto maior, porque “permite esquecer essa ambivalência”.
A situação de que fala tem exemplos muito concretos, como é o caso da perda eminente de espaço de trabalho. Olga Roriz foi informada de que a sua companhia, que parte no sábado para Macau onde apresentará, no centro cultural da cidade, a criação de 2007, Nortada, deverá abandonar em Setembro as instalações que ocupava há dois anos na Rua da Prata. A seguradora Tranquilidade, com quem havia estabelecido um protocolo de cedência de espaço que lhe permitia abrir o espaço a aulas e residências artísticas de outros criadores, decidiu ali construir um hotel.
A coreografia A Cidade, com estreia em Outubro em Viana do Castelo, seguindo-se depois a digressão nacional, será a última que a coreógrafa ali vai poder criar.
O prémio, no seu décimo aniversário, distinguiu já o cineasta Manoel de Oliveira, o ensaísta Eduardo Lourenço (que presidiu este ano ao júri), o arquitecto Álvaro Siza Vieira, o ex-Presidente da República Mário Soares, a helenista Maria Helena da Rocha Pereira, o historiador José Mattoso, o actor e encenador Luís Miguel Cintra, o pintor Júlio Pomar, o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles e a escritora Lídia Jorge.
A cerimónia de entrega do prémio será dia 29 de Maio, no Instituto Camões, em Lisboa, presidida pelo secretário de estado dos Assuntos Europeus, Miguel Morais Leitão. [publico.pt]
Dupla de coreógrafos foram distinguidos com o prémio Prix Jardin d’Europe, no valor de 10 mil euros, a mais importante distinção para a emergente dança contemporânea europeia.
A dupla de coreógrafos portuguesa Sofia Dias e Vítor Roriz recebeu este sábado, em Bucareste, o prémio Jardim d’Europe, no valor de dez mil euros, atribuído por um júri internacional composto por oito críticos à peça “Um Gesto não passa de uma ameaça”. Apresentada na passada quarta-feira no 6º Xplore Dance Festival que decorreu na capital romena, a coreografia distinguiu-se do conjunto dos trabalhos apresentados por nomes emergentes da cena europeia.
O Prémio Jardin d’Europe, na sua 4ª edição, é a mais importante distinção para a nova criação contemporânea europeia e resulta da colaboração de 14 instituições, entre elas o ImpulsTanz, em Viena, e a companhia Ultima Vez, em Bruxelas. O festiaval iDans, em Istambul ou a companhia Cullberg Ballet, em Estocolmo.
Na crítica publicada no P2 aquando da estreia de “Um gesto que não passa de uma ameaça” no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a 2 de Julho deste ano, Luísa Roubaud escrevia: “A peça evidencia basear-se na improvisação e numa aturada escuta introspectiva. Mas estamos longe de uma catarse: Dias e Roriz lançaram-se, literalmente, de corpo e alma, num intenso brainstorming motor, mental e verbal, e é dele que emana toda a Dinâmica dramatúrgica; contudo, sob a aparente associação livre, o cuidado com os ínfimos detalhes com que corpo e voz dão visibilidade cénica à insondável linha condutora que liga o material apresentado, denota decantação e selecção, prevalência do controlo sobre o risco”. A coreografia mereceu 4 de 5 estrelas.
“Um gesto que não passa de uma ameaça” é apresentado dias 22 de Outubro em Évora (Festival Internacional de Dança Contemporânea), 12 de Novembro em Estarreja (Cine-teatro de Estarreja), e de 24 a 26 de Novembro em Lisboa (Espaço Alkantara). [publico.pt]
O coreógrafo francês Roland Petit, um dos nomes históricos da dança europeia, morreu ontem em Genebra, aos 87 anos, noticiou a agência AFP, citando um comunicado do Ballet da Ópera de Paris.
Dizia muitas vezes que amara apenas uma mulher verdadeiramente - Zizi Jeanmaire, a bailarina que conheceu aos nove anos na escola do Ballet da Ópera de Paris (BOP) e com quem partilhou a vida e a carreira. É provavelmente ela quem mais sentirá a falta de Roland Petit, o coreógrafo francês que morreu ontem em Genebra, aos 87 anos, com uma leucemia. "Primeiro brincámos como brincam as crianças, em total liberdade, sem limites, e depois caímos nos braços um do outro e nunca mais quisemos separar-nos", contou numa entrevista televisiva em 2007.
Ao longo de 70 anos - tornou-se bailarino da Ópera de Paris aos 16 -, Petit fundou várias companhias e criou mais de 100 obras, sempre inspiradas em Zizi, lembraram os jornais franceses, lamentando, nas palavras do Presidente Nicolas Sarkozy e do ministro da Cultura, Frédéric Mitterrand, a morte daquele que foi, com Maurice Béjart, um dos mais aplaudidos coreógrafos da segunda metade do século XX.
Ainda que a esmagadora maioria das suas criações não tenha entrado para o reportório internacional, Petit é um autor de referência, tanto por peças como "Le Jeune Homme et la Mort" (1946) e "Carmen" (1949), como pela forma de trabalhar a dança. Procurando sempre um equilíbrio entre a tradição do vocabulário balético e a modernidade na abordagem dos temas e do próprio movimento, Petit moldou uma linguagem coreográfica em que a teatralidade é fundamental. Demasiado popular, dirão uns. Arriscada, aberta ao glamour e à sensualidade, dirão outros.
A sua "Carmen" - originalmente dançada por ele e por Zizi - é um marco da história da dança francesa, sexualmente explícita para a época, escreveram especialistas como Debra Craine. "Le Jeune Homme et la Mort", considerada a sua obra-prima, chocou o público ao encenar o suicídio do protagonista num intenso pas-de-deux que foi brilhantemente dançado pela sua musa e por estrelas como Jean Babilée, Mikhail Baryshnikov e Rudolf Nureyev.
Certo é que a lista dos seus colaboradores é impressionante: autores como Jean Cocteau e Jacques Prévert; artistas como Brassaï, Picasso e Max Ernst; e designers como Yves Saint Laurent e Christian Dior. E ainda Chaplin, Marilyn Monroe, Fred Astaire e Orson Welles. Os últimos, na sua maioria, herança de uma estada em Hollywood, onde trabalhou em cinema com Zizi, e de onde regressarou a Paris nos anos 60 para adaptar o musical em espectáculos como La Revue des Ballets de Paris.
Seguiu-se, depois de uma passagem de meses pela direcção do BOP em 1970, a exploração do Casino de Paris, onde apresentou "La Revue" e "Zizi je t"aime", e a criação do Ballet de Marseille, onde ficou durante mais de duas décadas e no qual fez Pink Floyd Ballet, "La Dame de Pique" e "Ma Pavlova". [publico.pt]
As inscrições para a 14ª edição do concurso Jovens Criadores´10 encontram-se abertas, até ao próximo dia 26, destinadas a artistas em início de carreira, até aos 30 anos, de nacionalidade portuguesa ou residentes no país, para as áreas de Artes Digitais, Artes Plásticas, Banda Desenhada, Dança, Design de Equipamento, Design Gráfico, Fotografia, Ilustração, Joalharia, Literatura, Moda, Música, Teatro e Vídeo.
Nesta edição, o concurso reserva ainda uma sub-área de artes plásticas, intitulada «Res Publica», por ocasião das Comemorações do Centenário da República, que este ano se celebra. Os participantes têm aqui a oportunidade de submeter Trabalhos no campo da arte pública, inspirados no tema «A República».
Os interessados deverão consultar o regulamento no site da iniciativa, do Clube Português Artes e Ideias, onde podem encontrar também a ficha de inscrição. Os projectos seleccionados por parte de júris especializados em cada área artística serão apresentados na Mostra Jovens Criadores´10.
Do corpo de artistas seleccionados é escolhida uma delegação que representará Portugal na próxima edição da Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo ou da Mostra de Jovens Criadores da CPLP.
Desde 1996, a Mostra Jovens Criadores já se realizou em Lisboa, Guarda, Aveiro, Braga, Porto, Coimbra, Santa Maria da Feira, Silves, Amarante, Montijo, Odivelas e Évora, tendo sido plataforma de lançamento e confirmação de criadores que têm contribuído para uma renovação do panorama artístico nacional. Pelo certame, já passaram nomes como Alexandra Moura, André Murraças, André Sier, Cristina Filipe, Gonçalo M. Tavares, João Fazenda, João Garcia Miguel, João Pedro Vale, José Luís Peixoto, Rudolfo Quintas, Soraya Vasconcelos ou Tiago Guedes. [diariodigital.pt]
Aos 103 anos e pouco tempo depois de ter feito o seu último ensaio de estúdio, já que continuava a dançar mesmo que retirado dos palcos, Kazuo Ohno, o bailarino japonês que se destacou com um dos principais intérpretes do butô, morreu em Yokohama, no Japão.
O bailarino morreu ontem de insuficiência respiratória.
Um dos primeiros bailarinos do butô, Kazuo Ohno nasceu em Hakodate, na ilha de Hokkaido, em 1906. Começou por se destacar como atleta e foi durante a sua passagem pela Universidade Atlética do Japão que assitiu a uma performance da bailarina espanhola modernista Antonia Merce.
Cativado pela dança, Kazuo Ohno viria a tornar-se um dos grandes intérpretes do butô, a dança japonesa que surge após a II Guerra Mundial e a derrota do Império do Japão pelos EUA e pelas tropas aliadas e que recupera antigas tradições nipónicas ao mesmo tempo que as funde com influências várias da vanguarda artística do século XX.
Foi professor de dança de liceu e testemunhou a violência da Guerra Mundial quando foi recrutado pelo Exército Japonês, recorda o "New York Times". Foi prisioneiro de guerra e sobreviveu ao ataque a Hiroshima, algo que até hoje é associado à força da sua interpretação no butô. O seu primeiro recital foi em 1949, em Tóquio. Tinha 43 anos. E na audiência estava o pai fundador do butô, o autor Tatsumi Hijikata. Trabalharam juntos até meados dos anos 1960.
Influenciado pelo expressionismo alemão, pelo feminismo e modernismo, Kazuo Ohno continuou a dançar após os seus cem anos. Fundou o estúdio Kazuo Ohno, que agora será dirigido por Yoshito Ohno. [publico.pt]
Merce Cunningham, o lendário coreógrafo que revolucionou a dança moderna, morreu ontem, em Nova Iorque, aos 90 anos. “É com grande pesar que anunciamos o desaparecimento de Merce Cunningham, que morreu tranquilamente em sua casa, de causas naturais”, dizia o comunicado emitido pela Cunningham Dance Foundation e pela Cunningham Dance Company, que o dançarino e coreógrafo nascido em Centralia, Washington, em 1919, tinha formado no Verão de 1953.
Com a sua companhia, Cunningham marcou a evolução da dança, estabelecendo uma relação muito particular com as artes plásticas e com a música contemporânea, nomeadamente com a obra de John Cage, com quem começou a trabalhar em meados da década de 40, numa parceria que só viria a terminar com a morte do compositor americano, em 1992.
“Merce revolucionou as artes visuais e performativas, não em busca da iconoclastia, mas da beleza e maravilhamento que decorrem da exploração de novas possibilidade”, acrescenta a nota.
Ainda que remetido a uma cadeira de rodas, Cunningham tinha feito, no início do mês de Junho – já depois de ter celebrado o seu 90º aniversário, a 16 de Abril –, o anúncio do programa que decidira preparar para a sua companhia no West Village de Nova Iorque, para quando ele não a pudesse dirigir pessoalmente, ao então para depois da sua morte: realizar uma última digressão mundial de dois anos e, depois, extinguir-se.
“Tenho tido sempre na minha cabeça o movimento físico do ser humano”, disse o coreógrafo no momento do anúncio dessa tournée, a que deu o título Herança Viva.
“A carreira de Merce caracteriza-se pelo seu desejo constante de ultrapassar fronteiras e de explorar novas ideias”, disse também nessa altura Trevor Carlson, director executivo da Fundação que tem o nome do coreógrafo que chegou a ser designado o “Nijinski americano”. [publico.pt]
A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu hoje aos 68 anos, noticiou a France 24. A autora de "Café Müller", a única peça que interpretou, terá sabido há cinco dias que sofria de cancro, lê-se no site da companhia de Bausch, Tanztheater de Wuppertal, na Alemanha.
"Pina Bausch morreu esta manhã [no hospital], de uma morte inesperada e rápida, cinco dias depois de lhe ter sido diagnosticado cancro", informou em comunicado a porta-voz do Tanztheater, Ursula Popp. "No domingo ela ainda esteve em cena com a sua companhia, na Ópera de Wuppertal", assinalou ainda Popp.
Figura maior da dança expressionista alemã, Bausch era uma criadora consagrada e uma das maiores coreógrafas do mundo. Tendo crescido no hotel-restaurante dos seus pais, sempre se pensou que "Café Müller" era inspirado nessa sua experiência, na sua vida, algo que negou ao PÚBLICO em entrevista em Abril passado. Nascida em Solingen, na Alemanha, a 27 de Julho de 1940, começou a estudar dança aos 14 anos na Escola de Folkwang d'Essen (ouest) com o coreógrafo Kurt Jooss, um dos fundadores do movimento Ausdruckstanz, uma corrente que combina o movimento, a música e elementos da arte dramática na sua dança.
A passagem pela conceituada escola de dança norte-americana Juilliard permitiu-lhe o contacto com Anthony Tudor, Jose Limon t Mary Hinkson.
"Café Müller" é a sua peça mais conhecida, dançada por Bausch, e apenas interpretada uma vez em Portugal, há 15 anos, por ocasião de Lisboa - Capital Europeia da Cultura e a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, que organizou um ciclo retrospectivo à volta da sua obra. No ano passado,
o Centro Cultural de Belém e o Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, organizaram um ciclo de conversas, filmes e três peças: a estreia nacional de "Nefés", sobre Istambul, "Masurca Fogo", feita sobre Lisboa em 1998 e apresentada na altura, e "Café Müller".
Reconhecidamente uma figura avessa a entrevistas e a falar em público, disse em entrevista ao PÚBLICO no final de Abril de 2008: "Nunca gostei de peças que se desenrolam num só nível; o ambiente das minhas está sempre a mudar, com o fim sempre em aberto. Eu também não sei. Há mais perguntas que respostas. Há muitas perguntas". [publico.pt]